sexta-feira, 31 de julho de 2009

Here and There

When the night arrived there
The little girl thought: "My dear isn't here!"
When my love closed her eyes, I said:
"My dear is there. She is between me and the eternity"

Forever living that hope, I think this now
When my sweetheart was there, I felt too cold
My heart was iced, my head was hot
And my faith was shaken

Back soon, my little girl. Back tonight. Back to my bed.
When You be back, I will use a new blanket: a double blanket
I promise this!

terça-feira, 28 de julho de 2009

Seguro Contra a Solidão

Pontos e sinais marrons na pele morena. Cabelo preto molhado, chocolate seco, castanho quando bate o sol. Pequenas mãos, pequenos dedos. Marcas de queimaduras de forno e fogão. Uma abaixo do umbigo, muito engraçada. Queimou fritando hamburguer. A voz engrossou, acavernou com a fumaça da nicotina e do alcatrão. Os pés são de menino, com as unhas quadradas e as bordas dos dedinhos formando uma pequena serra, como os de minha avó. O queixo é engraçado, pois o mesmo desde criança. O pescoço é comprido, simpático. Ela sempre me olha com a cabeça levantada. Ela sempre aperta a minha mão quando sente frio ou medo. Gosto dos quadris e do busto. Prefiro as costas. Seus ombros largos, de nadadora, me fazem repetir com orgulho: "Minha mulher nadou por muitos anos!". Só medalhas de bronze. Pensando bem, só sua irmã as ganhou. Os dentes alinhados pelo uso de aparelho ortodôntico por muitos anos resistiram aos sete de Free mentolado. As histórias são sempre as mesmas. Com outros foi feliz, de outros foi terror. Quase casou. É, quase. Quase dois anos depois, não vou dormir enquanto ela não for. Não atravesso a rua enquanto ela não atravessar. Ando sempre pelo lado da pista, e a cubro com meus casacos de menino. Era esperado. Quase dois anos depois, recebi o primeiro prêmio de minha apólice. "Seguro Contra a Solidão", diz o contrato. Fiz a assinatura em 01/09/2007, quando me via aos quarenta assistindo ao futebol em uma quitinete. Já não me vejo mais. Aos quarenta, seremos três, quatro ou cinco. Quem sabe, uns dez ou doze. E, mais do que isso, seremos dois. E um só.

Galeto, Arroz e Fritas

Enfeita o pavão, gordura velha! Sente o sabor da crosta preta da carne do galináceo. Torraste na brasa. Restaurantes da Cinelândia têm cara de botequins da Avenida Atlântica, com seus pratos de casas de shows voltados para o público que are looking for algo para forrar o bucho enquanto chopes vêm e vão nas madrugadas serenadas do inverno carioca. Lá, dentre garçons retirantes e gerentes que ganham pouco mais do que dez anos atrás, executivos de R$ 2.000 proseiam e planejam a esticada de logo mais em uma daquelas boites que, ironicamente, ficam no centro antigo do Rio. Ora, não faz muito sentido perambular pelo Castelo às duas horas da manhã. Imaginem a horda de pedintes, desabrigados e vagabundos em geral. Há alguma diferença entre descer até o Caçador da Afonso Pena ou pagar RS 2,80 para fazer a mesma coisa a trinta minutos dali? Definitivamente, o carioca precisa repensar seus hábitos noturnos. Sejam razoáveis! Ser notívago longe de casa é perigoso em qualquer época e lugar! Vão comer na esquina!

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Cenna Commica

Burlescos pés sobre o tablado, doces passos de sopetão. Ao susto, abrem-se as cortinas e inicia-se a farsa. Na claque, rostos finos de dândis e mademoseilles encobrem os gritos de morte e de dor dos porões da senzala ou do quarto dos criados. Do outro lado da côrte, dormem inauditas crioulas, perfeitas engomadeiras, copeiras, cozinheiras e amas-secas. Dão leite em suas têtas-de-nêga aos filhos do casal de estirpe que freqüenta as bancadas do Theatro Lírico. Pensando bem, já não havia mais senzala. Tratavam-se de criados de casa, mucamas e cativos, todas peças destinadas a fazer da meretriz ao bobo-da-corte ao contento de seus senhores. É ali, nas palmas e gargalhadas despreocupadas dos camarotes e frisas que nasceu a triste sanha em rir de nossa própria desgraça. Enquanto brasileiros, rimos de nossas maiores vergonhas e fazemos pilhéria de indefinições e incorreções que, sobretudo, nos pertencem. Tudo o que está aí, a nós pertence. Desde os oligarcas do século XVI até os líderes sindicais que a modernidade trouxe ao caminho socialista. Há de se dar termo a estes ouvidos surdos e fazer desta comédia um bom ato épico. Com seriedade e compromisso com o próximo, poderemos fazer de nossa peça a apresentação solene de uma nova forma de se atuar no maior palco de todos: o Teatro Social.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Réu Confesso

Doce pedaço de marron-glacê, adoça e aguça o paladar acompanhado por um queijo minas do mês passado. O queijo cheira mal. Espuma a bile em plena madrugada e faz efervescer a fermentação em minhas entranhas. És amido fervilhante. O sabor de mentira do doce de cor indescritível engana a boca do estômago e faz a mente palpitar. Palpita um bom palpite para logo mais. Melhor dia, talvez? Eu prefiro outra vez. Há mais sabor em ter mais dois anos atrás, de surpresa e no susto. Lá, tão velho quanto este pedaço de queijo minas, sentia a esperança enlatada comigo dentro. Lata furada! Quase dois anos depois, me deixou sair!
Dois dias depois, o gosto de fermentação não sai da goela. O sabor de incenso do pedaço de doce-sabão causa cheiro de batata passada no tubo digestório. É hora de digerir a culpa. Oh, pedaço de hospital! Doce sem doce, de batata e sem batata. Da batata, só o cheiro. De doce, só a etiqueta. Não me engane, despiroque. Me faça enlouquecer, vá! Lata furada, que furada! Quase dois anos depois, não me deixa sair!
Amores que de tal só têm a embalagem são mantimentos dos mais básicos nas prateleiras humanas. Fazem parte da cesta-básica tal qual o arroz. Obrigado, dono do armazém. A mim, destinou a melhor das safras. Saberei agradecer a deferência na hora de passar no caixa.

Atenciosamente;

O Doceiro

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Moon River

Quero ser do contra quando a sua voz se impuser
Quero ser a mostra de obra rara qualquer
Vide a bula, aviso: há um jeito de ter
E aguardo consonante a perfídia de alguém

Há, talvez, algo de morte em ser
Sem dedos ou cuidados dizer
Que inferno é viver sem perder
Que a morte é ser só sem ficar

O "só" é irmão do "se"
É lá que se encontra o fim
Sós na cama, na maca, no caixão
É só viver solene quando há solidão

Mas sei só, ser só é não ter
Se a mão solene da solidão me prender
Da falta que a mão pequena fará
Na mão um pouco maior a apertar

Não há de ser só a voz ao pé do ouvido
Ou o aperto das falanges dele nas dela
Há de ser o maior de todos os sufocos:
Hei de ter que me virar sem mão dada para atravessar

domingo, 12 de julho de 2009

Guia do Estadual da Série B 2009

América... Unido, vencerás?

5 de Abril de 2008. Um ano e três meses atrás, o América era rebaixado para a Série B do Estadual com a combinação de resultados que deu ao Mesquita a chance de permanecer na Série A em 2009. Na última rodada o América foi até Nova Friburgo, e em uma partida marcada pelas polêmicas com a arbitragem, derrotou a equipe da casa por 2x0. Ao mesmo tempo, no Louzadão, o Mesquita vencia o Duque de Caxias por 4x2, em uma partida dramática. Com a queda, saíram o presidente Reginaldo Mathias, o técnico Gaúcho e todos os atletas do elenco, inclusive os oriundos das categorias de base e considerados jóias no grupo rebaixado.
Mais de um ano depois, o panorama parece ter mudado bastante. Romário, confesso torcedor rubro, e Celso Barros, presidente da Unimed, assumiram um grande desafio: o de colocar o América de novo entre os grandes do futebol brasileiro. Para montar a estrutura do novo departamento de futebol, viabilizaram a vinda de modernos equipamentos e promovem a modernização do Centro de Treinamento do clube, na Rodovia Rio-Petrópolis, um importante passo para a formação de jovens talentos no clube, coisa que não acontece há bastante tempo.
O novo diretor de futebol é Ademar Braga, que trabalhou por muitos anos no Corinthians. Ademar, para quem não lembra, chegou a ser treinador do clube por um bom tempo após a demissão de Antônio Lopes, em 2006. Como técnico, foi contratado Clóvis de Oliveira, que já havia trabalhado no clube em 2008 na comissão técnica de Carlos Roberto, e que tem grande experiência com equipes no exterior.
Clóvis montou um grupo jovem, rápido e pontuado por alguns atletas de grande qualidade técnica, dois deles vindos da Série A do Campeonato Brasileiro.
As três principais contratações possibilitadas pela nova patrocinadora foram a do goleiro Roberto, titular do Vasco em muitas ocasiões nas últimas temporadas, o volante Júnior, ex Vasco e Estrela da Amadora e que estava no Barueri e o artilheiro Alexsandro, que veio do Santo André e teve uma passagem decepcionante pelo Botafogo no ano passado, muito aquém do que costumava demonstrar nos tempos de Resende.
Outras contratações de destaque foram Luís Cetin e Léo Itaperuna, emprestados pelo Fluminense, Henrique e Diguinho, pelo Flamengo e o angolano Jackson Garcia, com passagens pela seleção do país e pelo Penafiel, de Portugal.
Dentre as equipes da Série B do Estadual, além de a mais tradicional, a do América é a que dispõe de maior qualidade técnica, peças de reposição e atletas experientes. É a grande favorita a uma das duas vagas de acesso e, provavelmente, ao título.

O Elenco

Time Base: Roberto, Bruno Leite, Ciro, Naílton e Da Costa; Márcio, Fred, Júnior e Têti; Léo Itaperuna e Alexsandro

Goleiros: Roberto, Luís Cetin e Ricardo.
Laterais: Bruno Leite, Tardelli, Bruno Matos, Da Costa e Gérson
Zagueiros: Ciro, Naílton, Luís Antônio, Henrique e Weldes
Volantes: Márcio, Fred, Júnior, Maurício, Claudionor e Luís Felipe
Meias: Têti, Rubens, Diguinho, Paulinho, Adriano e Jackson Garcia
Atacantes: Alexsandro, Hamilton Junior, Léo Itaperuna, Saymon e Rodrigo Carioca

sábado, 4 de julho de 2009

Lucas Alvares Pelo Buraco da Fechadura

Espia pelas frestas das portas. As de baixo. As dos lados. Expia atrás das portas seus pecados, esfria a tentação de conhecer. Quer saber? Avisa com um grito: "Meu peito aflito só quer ver!". Quer me ver, vou ver você. Afinal, posso espiar? Quero ser mosca na sopa, mosquito na cama, mariposa na parede, abelha na lata. Se é pra assim saber, batata! Se estou aonde não posso ver, nada há o que não ter. Quero ver bem mais além. Veja bem, ouve meu pranto. Quebra o prato e o copo, desencanto. No frigir dos ovos, és o quebrar das louças. És motivo para cruzar o Rebouças, ir pra longe de minha porta. Mas isto não comporta, escute bem. Nada além do que foi feito é um porém. O porém é o que já fiz, em dois anos tão feliz te encontrei. Abre a porta, e me diz: "Posso eu ser mais feliz?". Quero ter resposta decorada para afiançar a esperança. Nesta noite, de cabeça quente e molhada, só espero um novo estrado. Quero uma nova cama, uma nova grama, uma nova porta. Ter contigo um outro lar. Por aqui, as portas se fecharam. Estou trancado em quatro metros, esquecido no caixote, tão perdido em solidão. Eu quero uma porta nova. Com tapete na porta, guirlanda na porta e chaveiro do Vasco. Esfria a minha dor, espia! Expia a minha dor!

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Pede por favor...

Quero sorver cada gota de suor que minha testa escorrer. Quero desta gota fazer lágrima, de riso ou de dor. Lágrima de torpor, de humor ou de amor. Lágrima que entorpece de prazer em uma gargalhada presa no peito ou na boca do estômago, destas de fazer doer a barriga. Quero sentir cada unha crescer por semana mais do que na semana passada. Unhas que crescem mais rápido mostram melhor assimilação dos nutrientes. Quero distância das lêndeas, da caspa e dos piolhos. Pensando bem, prefiro raspar a cabeça. E nunca mais usar barba que, pressionada contra o travesseiro, provoca a desagradável sensação de ter um rosto de mentira. Quero beber quatro garrafinhas de água sem querer ir ao banheiro, quero beber cerveja sem sentir o refluxo bater, quero comer pizza sem soluçar após o último pedaço. Quero mudar pra bem longe, virar o fio, trocar de nome, achar outro eu. Quero beber conhaque com limão e três pedras de gelo furadas no meio. Vivo sem medo do outro, pois outro outrossim faria de mim um novo mentir. Nada há de mais falso do que fingir ver a verdade. A minha verdade é ser quem quero ser, sem medo de ter que falar de um jeito que só eu sei. Quero sorver minha alma. Quero viver minha vida. Até o canudo encostar no fundo da lata e fazer um estranho som. Até a última gota. Até a última partícula de glicose.