terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Como Dois Passos de Dança

Como dois passos de dança, quero teus pés bem junto aos meus. Mesmo que meus passos se entrepassem, quero ouvir um bom compasso sussurrar em meus ouvidos. Se os sonhos se estreparem, dê-me apenas uma das mãos no intrépido afã de se dar um passo a mais. Um a mais, só um. Outro a mais, caberá na perda do gol. A brisa gelada da neve ou do gelo contrasta com o ardor esturricado da Presidente Vargas, que nos parte em mil porções de kibe cru. Quero a neve! E de passo em passo, do bem apertado ao mais comprido, sou você bem perto assim. Nos rostos colados, maçãs encostadas e olhos fitando o mesmo ponto morto logo ali. Ressucitai o ponto morto. Fazei dele um sonho distante de despreocupação. Baila comigo no clamor da eternidade, me enfrenta e me atiça como gélida flama que queima o peito de um jeito ou de outro. Esquenta e esfria a dor, estranha e agita o amor, me faz com furor te amar até as profundezas. Me abraça por um instante, me agarra como a um diamante, minta que sou o maior de todos os tesouros. Faz de mim, ao menos, o inegociável. Só mais um passo, leva ao fim o nosso número, para aplauso geral: me ensina o mover de pernas e braços que faz o homem levitar até o fim dos nossos dias.