segunda-feira, 29 de março de 2010

Afresco

Em que pese o sabor gelado dos ventos do outono, vi teu rosto sardento desvelar três cachos castanho-avermelhados. Era o bater do sol do fim da tarde, dos dias que esturricam às seis para congelar duas horas depois. Somos só vulto negro no chão, tal qual incinerados por bomba atômica. É caloroso o prazer dos aplausos que ouvimos ali, três passos daqui, nas tumbas cavadas do que há de mais antigo e erudito. Há de ser bem nosso. As sardas marrons, bem latinas, me trazem o som portunhol, o estalar dos lábios rosados. Quero senti-los molhados, sob a chuva ou o guarda-chuva, sob o sol ou o guarda-sol.