Tenho andado calado
E falado pelos cotovelos
Que a boca pra fora está cheia de azia
A corroer o estômago, a correr de mim
E passado as madrugadas, velado
Em um esparro íntimo de quem viu esvair
E tem algo bem concreto, e insosso
Para abraçar o futuro sem pé e nem cabeça
E aguardar, numa esquina qualquer
Que o milagre imponha a censura
E reinicie as velhas notícias
Notícias trancadas num ataúde raivoso
Embrulhado em panos negros de cetim
Com a leveza das suas mãos, que um dia abraçaram
E agora, ásperas, também andam caladas
Como quem esbraveja a página virada
E não desfaz a tatuagem, impressa em brasa
Um sol no meu braço, para me iluminar
E um furo em minh'alma, por onde ela se despede de mim
Um pouco a cada hora
Até virar do avesso
E ser livre na manhã alumiada
Entregue, mesmo tarde demais
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