Tenho andado perdido
No descompasso de um calendário
Que desfolhou tudo aqui
E me pôs de joelhos diante do há
Fui um dia, príncipe perverso
Que sem mágoa ou ardor vão
Subverti o que tinha
Em nome do amor eterno
E vivi cálido inferno
Abrasado pela voz doce
Inundado de certezas
Para desfolhar todo mês.
Mal-me-quer?
Madruguei ensanguentado
Despertei tão tarde
A ver-te perder na esquina
Ou achar-te, enfim
Para viver aqui, percluso
Mas livre, pela primeira vez
Par de cotos que apontam para a frente
Braços baldios, braços sem mãos
Braços livres, mas goros
Tudo o que é seu, para sempre
Na mais baldada das intenções
A de esperar pelo trem de uma extinta ferrovia.
Bem-me-quer.
Libertei-me para nada
A mirar o lume de dez dias atrás
O último portal, o seu último túnel
Seus encantos em desalinho
E agora, sem te alcançar jamais
Guardo aqui na chama azul do meu peito
Teu nome em brasa, para nunca mais
Ou para todo o sempre, como sempre fui.
Mal-me-quer.
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