domingo, 18 de julho de 2021

Cerejeira

Enfurnado, abri a fresta ao sol

E vi entrarem seus raios assobradados

Ao pé, os paradoxos de quem teme

Ao norte, as maravilhas do porvir


E sorvi sua pele em brasa

A entumescer meu coração desesperado

A pôr a perder as vãs certezas

A desbravar seu peito adorado


E me pus a pensar, ensimesmado: 

Onde está a viga-mestra da ternura?

No amor proibido de quem se procura?

Na solidez de quem me amou tanto assim?


E, ciente, denotei sem espargir:

Quero seu colo, seu peito e seu beijo perdido

Sua alma aquecida, seu olhar bem aqui

Quero o percalço, o mais fiel de todos os erros 

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