sexta-feira, 23 de julho de 2021

Regressão

Gastei sola de sapato

Do rascunho da minha alma

Quando aportei em seu peito

Para ver nascer o sol

Para ver deitar o breu

Sobre as madrugadas tão nossas

Para te acender o abajour

Para fazer valer o seu momento

Proibido, errante

De quem beijou a foto ao acordar

Todos os dias

E fez derramar a lágrima

A lágrima da dúvida do devir

A lágrima da fé cega no porvir

Da cabeça aflita

Que não vê saída na neblina

E vê brotar sua voz ao pé do ouvido

Na minha orelha devorada

E me faz caminhar, sem sentido

Na direção desse abismo

O abismo que é viver sem você.

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