Tenho dormido muito
E contado nas pontas dos dedos
Meus dias sem você, febril
Sem que a temperatura suba, suando por dentro
Do avesso, a rolar na cama
A te encontrar nos sonhos
A te abraçar nos cantos
Fazendo segredo do que eu tanto quero
Para poder gritar ao mundo
Que a ave fez morada aqui
E bate asas, presa na gaiola que sou eu
Prisão do meu próprio brilho, grilhões
Fardo de quem vive da memória do que fui
E das mãos que tive em minha boca
E que hoje, muito perdido
Sinto enxugarem meu pranto
Enquanto acendo a lâmpada no breu
E observo, na linha da vida
A saudade dos meus dias mais felizes
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