domingo, 1 de agosto de 2021

Entrevero desarmado

Tenho dormido muito

E contado nas pontas dos dedos

Meus dias sem você, febril

Sem que a temperatura suba, suando por dentro

Do avesso, a rolar na cama

A te encontrar nos sonhos

A te abraçar nos cantos

Fazendo segredo do que eu tanto quero

Para poder gritar ao mundo 

Que a ave fez morada aqui

E bate asas, presa na gaiola que sou eu

Prisão do meu próprio brilho, grilhões

Fardo de quem vive da memória do que fui

E das mãos que tive em minha boca

E que hoje, muito perdido

Sinto enxugarem meu pranto

Enquanto acendo a lâmpada no breu

E observo, na linha da vida

A saudade dos meus dias mais felizes


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