Durante o século passado, um dos principais argumentos dos estudiosos da Comunicação foi o da influência onipotente, onipresente e imbatível dos produtos midiáticos – chame-se como chamar – sobre a sociedade. Disfunção Narcotizante, poderio da Indústria Cultural, manipulação, alienação e quarto poder. Muito se ouviu falar nestas palavras que relatavam uma relação inquebrantável entre mídia, poder e modelo econômico e a interação destes para a manutenção do poder vigente.
Antes de tudo, é necessário lembrar que o ideário da manipulação midiática tinha como base o velho e hoje arcaico conceito de “Massa”, que reagia de forma uniforme aos estímulos recebidos das instituições formais e dos meios de comunicação. Tal argumento é hoje facilmente derrotado com a simples observação de que os graus de absorção da mensagem variam de forma determinante de acordo com diversos fatores, como a influência familiar, as associações institucionais e as relações sociais do indivíduo.
É evidente que este grau de absorção não pode ser desconsiderado. A mídia é capaz, sim, de levantar bandeiras de forma explícita e convencer, através de técnicas discursivas, o receptor. Mas é bom ressaltar que não há convencimento sem concordância. A cada dia podemos observar de forma mais freqüente a influência do receptor sobre o emissor, ao contrário do que antes se pensava. Qualquer produto midiático tem como primeira etapa de sua elaboração a escolha de um público alvo, e o direcionamento da sua produção àquele público consumidor.
Não é errado lembrar também dos efeitos que o sensacionalismo com que a mídia trata determinados temas pode levar a um relato deturpado dela sobre estes. Porém, a tendência Mundial é por assumir esta postura e vestir a camisa do “popularesco” ou do “sensacional”. Na Europa, o jornalismo impresso já é declaradamente opinativo, e a tendência em outros países é por produtos que sirvam a um público cada vez mais segmentado, de acordo com a forma de vida e as opiniões de quem os consome.
Em suma, dizer que a mídia manipula por si só é um equívoco escorado na “bengala” do ultrapassado conceito de “Massa” e de luta de classes. Como diversos estudos científicos vêm comprovando nos últimos anos, é correto sim dizer que os produtos midiáticos influenciam – através do convencimento – o receptor. Mas tal influência não é total, tampouco irrevogável.
quinta-feira, 3 de abril de 2008
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5 comentários:
Professor , acho que ninguém tem idéia do real poder de manipulação da mídia , ela manipula inconcientemente.Muitos acham que não estão sendo manipulados mas estão e nem sabem. Vale destacar também o poder de manipulação da Publicidade , que meche muito com o lado psicológico.
Isso mudou muito. Com a possibilidade de o interlocutor/internauta/ouvinte, seja lá qual for o nome, interferir no agenda setting, a mídia não é mais onipotente. Novos tempos na era da web 2.0
Com certeza o que vc disse faz muito sentido, e a manipulação não é total mesmo. Até mesmo pela quantidade de veículos de diferentes ideologias disponíveis ao cidadão, ele se deixa manipular pelo que lhe interessa. É claro que alguns veículos têm maior alcance, maior poder de persuasão... mas se alguém cisma é verde, nem a Rede Globo consegue impor o azul.
ninguém, NINGUÉM merece esse seu acesso de teoria da comunicação. aimeudeus. eu querendo me livrar dessa praga e você escrevendo sobre isso. ai, ai, ai, ai, ai.
as aventuras de ronaldo redondo me fizeram esquecer um pouco dos nardoni...
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