sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Por um bom tempero...

Em cima da hora, impero a meus embolorados dotes de poeta: vem cá, solidão. Faz de cada dose cianurética de sofrer um pouco mais de sorver. Sorve a minha vida, otimismo! A cada beijo de um grande amor, eterno em me perder, acho-me apaixonado e enlutado por tantos dias, horas e minutos de distância e frieza. Como é ensolarado o meu amor! Ensaboado por doces mãos, juro a eternidade e sonho à vontade com o bem que está no porvir. Unha e carne, sumo e casca, saborosa tangerina. Somos vida que bate no compasso de uma alegre feijoada. Somos reunião, vozes entrelaçadas, dedos sintonizados, lábios amargurados... somos furor e dor de amor, cotovelos, peitos e calcanhares de aquiles. Sempre fomos os melhores, amor... com o sonho realizado, bem melhores, vi na pequena seu verdadeiro ardor: de ser meu tempero, meu encanto e meu pranto... meu pranto, graças a Deus!

domingo, 14 de agosto de 2011

O silêncio dos inocentes


















De tudo o que se disse - e além - só faço um porém: quem ama desesperadamente não consegue silenciar o seu amor. A ode ao junto, em louvor à companhia e ao encontro, será sempre mais portentosa e soberana. É possível afastar dois amores. Deixá-los cada qual em um pólo do planeta, emburrados e desgostosos do futuro é tarefa para quem vê na solidão uma boa arma para a reflexão. Entretanto, só quem ama vê no desejo de amar, de tocar as profundezas da alma amada, o melhor de todos os remédios. A reflexão e a penitência são nossas hoje, amor. Durante todo o dia. Espero amanhã voltarmos a ser companhia e sonhos bons.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Quem sabe a morte, angústia de quem vive...



























Lê, serena, a contracapa da dor eterna. Parágrafo morto, em prosa de bôto a encantar, sirena, o estraçalhar de ossos dos náufragos perdidos. O filho é do bôto. Dor de amor não tem mãe nem pai, é criação colaborativa. Grude nos seus caquinhos, durepox nos meus, juntamos juntinhos os pequenos flocos de eternidade que se espalharam pelo chão da velha praça - mais uma - enquanto buscávamos, solenes, o acalentar de um novo tempo. Defesas solenes, velhos bôtos, mortes-vivas. Mostro ao monstro, pequena, que minha dor é bem maior que meu pudor. Não cabe disfarçar nem negar a solidão, a dor eterna do fim de mundo ao qual o amor me condenou. Só sente doer quem pode amar. E vive, e sonha, e chora, e clama: espero o meu viver, espero o teu cantar. Não caí no conto, mesmo tonto, e pus no coração cada pedaço de aflição. Suicídio? Nada. Bom sofrer. Só ao morrer de amor se descobre a dimensão do ente amado. Em cada velho pedaço de vidro, um beijo, um decreto, um sonho bom. Juras de amor eterno. Pérfidas flores em forma de palavra, que enganam e praguejam a dor lancinante da reta de chegada. A saudade boa virá, como todas as outras. O sofrer que prende pés a bolas de ferro e mãos a velhas algemas, que amordaça os urros e os sussurros. As pequenas mortes de cada dia, as boas sortes e as boas horas. Os filhos que não tivemos. As saudades do que não vivemos. Em cada sorriso haverá o teu brilho, em cada voz a tua frase, terna e cálida: você é a minha vida. E ela hei de viver, morte em vida, vida após a morte ou o que o valha. Em único tomo de minha breve existência, em cada caco partido de nossa velha taça de cristal. Que assim seja, coração perdido. Leva a tua dona a ser o que sempre foi, a única alma que te fez bater.