domingo, 24 de julho de 2011

O que há de vir


A torpeza dos maus verbos transborda da calha de teu peito: pisa, chuta e escarra nas dores perdidas e causas vencidas. O que se foi, não há de ser mais. Havemos de amar o que sempre fomos, lânguidos versos de lábios que somos em uníssono a entoar o que há de vir. Amo-te, incrédulo que as mais pérfidas cores sejam tanto para satisfazer nosso matiz de sonhos e tempestades, unidos que estamos em vida e sorte além da porta do grande sítio. Vivemos, pequena, em troça de nós mesmos, a espalhar nossa pilhéria a cada alma que cruzar nosso caminho. Ri de tuas flores. Somos muito vivos em nossos sabores, amados e amantes, fatalistas e amargos. Amo-te com o fígado. Para cada nova dor, uma bela resposta. Não te perco e nem te acho, pois não te abandono e nem morto aprecio o sofrer. Trata-se, apenas, de adorar o que és, meu anjo, a sonhar embevecida com cada mindinho entrelaçado e cada beijo estalado, cada vez mais espaçados e destinados à eternidade.

Nenhum comentário: