quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Desafinado

"Até debaixo da ponte, meu amor. Com você, eu vou." Jurou, incondicional, que o fraseado seria pródigo... pois que, meses depois de afirmada a sua eternidade, colombina desfez e, matreira, se pôs a desconstruir as duas pilastras, o fogareiro, as mantas sujas e até a ponte. Acostumada, bem. Desafinado, o espetado pierrô sorriu tresloucado e retrucou, em brasa, que as juras dos cinquenta do segundo tempo se desfizeram em um ou dois dedos de água suja na taça de cristal. E nem me venha colar com esmalte! destroçada a fé do poeta com o santo graal dos grandes amores, se pôs a zumbizar pelas ruas da Urca, cambaleante e pedir ao sol de quarenta graus um pouco de clemência a suas têmporas de fritar ovo. Pipocadas de espinhas. Ruminante voz pálida do outrora, retrato em sépia do que foi, vem cá e abraça, enlaça. Vê com tuas lágrimas que hoje possuem um par d'olhos, e não o contrário, que a felicidade está no abrir do portão. Me traz a chave. Esfacelado, quero que saiba: mesmo com todo o resto em bom tom, sou riso morto e brilho perdido. E, sem desafinar, declaro que nos teus braços até a ponte que caiu seria castelo.

Um comentário:

Blog do Mario disse...

Triste, muito triste, de verdade. Agora, como o maestro de sua própria vida, saiba que há no futuro um violino perfeito, pronto para tocar sem desafinar. Acredite.

Abs,

Mario