sábado, 24 de abril de 2010

E o Coração? Lá...



Assopra com gosto o bolo de cinco anos, pequena. Seus cabelos pretinhos, tais quais os meus, esvoaçam à guisa da brisa da praça do Leme. Cá, dez amiguinhos festejam a filha d'eles dois. Rostos meigos de imberbe ingenuidade, sem os traçados riscados pelo tempo - ainda que breve. Alvíssaras e claques celebram o fruto do nosso ventre, o rebento de nossos desaires. Desalinhamos lá atrás, esperamos mesmo assim o futuro como bons partners e assobiamos, juntos, na espera de um porém. Não o encontramos. Sem poréns, pusemos nossos pés lado a lado e caminhamos sem carro nem moto por uma estrada de areia e lama. Almas pantanosas. Passaram-se tantos anos... O que é festejar um filho? É vermos, felizes, o sabor da missão cumprida em uma união de mais dissabores do que festejos. Não me venha com gracejos. Hoje é só um dia nosso. Nosso e de nós três, com as almas na praça e a peça encenada do futuro que ainda não vi.

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