segunda-feira, 6 de setembro de 2010
Independência ou Morte!
Das maiores decepções da campanha de 2010, em todas as suas vertentes, fica por conta da ausência de um debate real sobre o desenvolvimento da Educação no país. Paliativos como a presença de aparelhos de ar-condicionado, alugados a valores extorsivos, em escolas do interior do estado onde o melhor clima é o da janela aberta são discutidos nos confrontos entre os candidatos sem que se toque em um único momento no cerne da questão.
Não há qualquer menção aos graves problemas que o setor enfrenta no Brasil. Vejam: em 2003, tínhamos 16 milhões de analfabetos, sendo 8 milhões concentrados nos 10% de municípios mais pobres da federação. Hoje, 7 anos após, há estados como Alagoas em que 1/4 da população é formada por analfabetos. Considerando os 38,6% de analfabetos funcionais, que são aqueles que lêem mas não conseguem contextualizar, são 64,3% de intelectualmente excluídos. Quase dois terços da população, de mais de 3 milhões de habitantes: é o quadro entregue pelos três ex-governadores que hoje disputam a governança para um novo mandato. Mas não falemos das Alagoas, proporcionalmente muito menor do que os outros estados. Falemos do glorioso Ceará, que soma quase 50% de analfabetos e analfabetos funcionais. É um quadro gravíssimo, que não atinge apenas os estados das regiões norte e nordeste.
É preciso, antes de mais nada, fechar a torneira do analfabetismo. Entrevistei recentemente o professor Mozart Ramos, do programa Todos Pela Educação. Trata-se de uma interessante proposta que traça 5 metas-base para o desenvolvimento da Educação no Brasil: universalização do acesso, erradicação do analfabetismo, aprendizagem, conclusão do Ensino Médio e respeito às obrigações constitucionais de repasse de verbas para a Educação. Exceção feita ao primeiro quesito, em todos os outros houve estagnação ou retrocesso na "Nova República". O índice de analfabetismo ronda os 10% da população há muitos anos, hoje representados em quase 20 milhões de brasileiros. Há enormes desafios relativos à aprendizagem, que nunca esteve tão mal, aos indicadores de conclusão do Ensino Fundamental e do Ensino Médio e, especialmente, ao repasse de verbas do Estado para onde ele deve de fato atuar.
Existem no Rio de Janeiro, notadamente, inúmeras sangrias de verbas públicas na Educação - diretores de escolas que recebem salários miseráveis, muito abaixo do que pede um cargo de gestão, andam em carros do ano e financiam apartamentos em áreas nobres da cidade. Não há, da parte deles, qualquer explicação para a incompatibilidade entre renda e patrimônio. É necessário moralizar o repasse e fiscalizar, através de toda a comunidade escolar, as contas de cada gestão. Isto só pode ser proporcionado através da democratização da escolha das gestões, hoje subordinada às secretarias de educação, o que repete e remete a práticas do regime militar. Democratizar só será possível quando houver, enfim, diálogo entre a SEE-RJ e a SME-Rio com o SEPE.
É importante, também, que o SEPE, que é o Sindicato Estadual dos Professores, se posicione de maneira progressista e evite a sua orientação partidário-eleitoral das últimas décadas, representado que está em partidos sem qualquer vínculo com a realidade como o PCO e o PSTU.
Lutar em prol de Educação pública, gratuita e de qualidade é dever do cidadão e direito de seus filhos e netos. É papel do Estado ouvir atento à sociedade e introduzir medidas afirmativas que ponham fim ao panorama medieval da "Nova República", que em nada alterou em essência o péssimo panorama do período de exceção.
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5 comentários:
muito bom, Lucas !! foi na ferida.
Se vc postasse esses dados e não falasse de que país se trata, íamos pensar talvez em algum país pobre da AL ou África, mas isso acontece AQUI !! triste realidade
Continue postando seus manifestos.
Abs.
Mario
Infelizmente a educação é tratada com total descaso no Brasil. Aparentemente, não é interessante educar os brasileiros, por diversos motivos, que nós que possuímos um pouco mais de cultura sabemos. Esse país só vai evoluir e crescer quando a educação tiver o devido respeito dos nossos políticos.
Lucas: Enquanto tivermos um sindicato, no caso o SEPE, no caso aparelhado pelo PSTU em nada avançaremos nesta questão. Devemos inserir esse debate na questão eleitoral. Porém vejo uma dificuldade enorme, pois o Sérgio Cabral com 57% dos votos não tem interesse em discutir esse assunto. Por outro lado, o Gabeira com essa aliança com o PSDB também não é alternativa. Uma proposta minha seria transformar esse blog num canal de debate sobre a Educação e chamar uma parcela avançada de professores para esse debate. Não só professores, mas também todos aqueles que estão interessados no debate eleitoral e educacional. Primeira questão o combate ao Serra e o seu projeto Neo-liberal. Mãos a obra!
Lucas: Enquanto tivermos um sindicato, no caso o SEPE, no caso aparelhado pelo PSTU em nada avançaremos nesta questão. Devemos inserir esse debate na questão eleitoral. Porém vejo uma dificuldade enorme, pois o Sérgio Cabral com 57% dos votos não tem interesse em discutir esse assunto. Por outro lado, o Gabeira com essa aliança com o PSDB também não é alternativa. Uma proposta minha seria transformar esse blog num canal de debate sobre a Educação e chamar uma parcela avançada de professores para esse debate. Não só professores, mas também todos aqueles que estão interessados no debate eleitoral e educacional. Primeira questão o combate ao Serra e o seu projeto Neo-liberal. Mãos a obra!
Lucas:Lucas : Eu tenho participado de diversos blogs para discutir as eleições. Temos de destruir o Serra. O populismo dele é demais agora propõe um salário mínimo de R$ 600,00. Você soube que ele atribuiu a queda dele aos blogs e a Internet. Temos usar essa arma para se possível aniquilar sua candidatura. Ser menor que a da Marina. Sou petista totalmente independente. Voto no Lindberg, na Dilma no Molon e no deputado Estadual ainda não tenho. O Lindberg está na frente do Cesar Maia.
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