sexta-feira, 20 de maio de 2011

Pretérito Perfeito

Se o passado cantasse, valsa em dó repetiria. Intrépida pequena fagueira, espia atrás da porta e toca o tabaco com o som dos saltos. Em sobressalto, aponta o indicador aos céus e professa: o amor bem-vindo é o mais puro, terno e perdido. Mareja os dois cristais, borra o rosto com duas marcas de tinta preta, baixa a cabeça, pensa na morte. Mas, que sorte! Ter em companhia a mão amiga, tão achada e tão perdida, é dor de amor e fortuna em vida. É bálsamo, néctar e ambrosia. É forte, intrépido e temerário. Quem morre de amor não teme a morte, a sorte ou o bote das dores. Quem morre de amor é uno, uníssono em voz, alma e sonho a fazer planos para o almoço de amanhã e para o café de cinquenta anos adiante. É sonhar em velhos, anos a frente, vidas tocadas, a acariciar netos e bisnetos. É ver a vida florescer de nossos planos, enganos e danos, todos nossos em vitórias e tropeços, tão nossos quanto os nomes e dedos. Somos, pequena, a dose certa das nossas pequenas glórias e batalhas perdidas. Somos a guerra em nome do amor, a luta inglória contra um mundo de desamor e desapego. Vivemos de bom grado com que a vida nos reservou: ao menos um bom ombro para chorar as nossas mágoas e uma boa testa para compartilhar olhares e ilusões, ávidos por um futuro laureado e saudosos de nossos melhores momentos: sempre os nossos últimos reencontros. A cada dia mais certo de um amor certeiro, digo ao povo que acertei no milhar. Encontrei na mão mais amiga o mais puro caminhar, ao lado de quem acredita, ama e espera. E caminharemos, mesmo quando os pés não caminharem mais.

Um comentário:

Unknown disse...

Palavras que vem do amor sincero são sempre confortantes e impulsionam mais uma passo no que temos que continuar e continuar, a vida.

te amo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!