sábado, 31 de maio de 2008
Comunicação Empresarial na Embrapa
A turma de "Empresarial" do curso de Comunicação Social da Estácio de Sá visitou na última terça-feira a Embrapa Solos, no bairro do Jardim Botânico. Os alunos assistiram a uma palestra ministrada por Elisângela dos Santos Graça, da equipe de assessoria de imprensa da Embrapa, com quase vinte anos de experiência na área. Elisângela ressaltou a importância da Comunicação Empresarial para o fortalecimento da marca e para a manutenção de um bom ambiente nas empresas.A assessora comemorou também o sucesso dos procedimentos tomados pela atual gestão para a divulgação da Embrapa na imprensa não-especializada, fazendo com que os números e vitórias da estatal deixem de ser pautas exclusivas da "Globo Rural" e ganhem a imprensa dos centros urbanos. A palestra durou cerca de uma hora, e ao fim do evento os alunos do professor Marcio Gonçalves saíram satisfeitos com mais uma mostra de que a Comunicação Empresarial é fundamental para o atual panorama do mercado de trabalho e para a gestão das organizações.
terça-feira, 20 de maio de 2008
O Porre De Fanta Laranja
Onde já se viu fazer do refrigerante de laranja um engodo à alma? Pois vi eu, pelas ruas da Tijuca, em fins da tarde de hoje. Fez-se a alegria onde aos outros é estupor. Um velho solitário bebendo o líqüido laranja que saía da garrafa velha, onde a tintura mal se via. Felicidade é o que era para o Epicuro, aquele filósofo grego: o cotidiano imperturbável das alegrias tão solenes quanto um prato de arroz e feijao ou uma garrafa de Fanta gelada. Felicidade é o manjar comido no bar da esquina, desde que não seja ruim o suficiente para trazer dor de barriga. Aos que buscam o sofisticado para a busca do sonhado, afirmo: não há especiaria que compre uma boa rotina. Não há tempero que salgue um "tá tudo bem, obrigado". Nada sacia mais do que ser feliz com o que nós temos. Só assim, percebemos que temos muito. Só assim, percebemos que temos tudo. Encontrei minha felicidade em uma tarde de sexta, quase oito meses atrás, quando nada demais realizava: fazia o mesmo que faço todos os fins de tarde e inícios de noite de sexta. Lá, abro em um estúdio de rádio a minha caixa de pensamentos e jogo as minhas cartas na mesa. Sempre as mesmas. As mesmas piadas, as mesmas vozes, as mesmas risadas. Mas o meu prato-feito encontrou quem quisesse. Foi então que do meu cotidiano se fez um momento eterno, diferente de todos os outros que vieram antes e igual a todos os que vieram depois: uma só voz, com suas sílabas metralhadas. Uma só risada, de quem está com dor de barriga de tanto rir e ri das próprias indecisões. Um só pensamento: o sonho que todos estão carecas de saber, e que persigo desde aquele dia. Naquela tarde de sexta, abri a última garrafa da minha vida. Nunca mais precisei de sabor doce demais ou deveras salgado para temperar meus anseios. Meu tempero está no que vivo e aprendo todos os dias com esta mesma voz em meus ouvidos e em meu pensamento: que o eterno é quando percebemos o que os outros não dão bola.
quinta-feira, 15 de maio de 2008
Rádio Livre: Nem "Escrava", nem "Pirata". Livre.
Trabalhei com rádio online por quatro anos e sei o quanto é fácil e barato se montar a estrutura necessária para se colocar uma rádio no ar nos dias de hoje. Os softwares mais simples – porém eficazes – são gratuitos e atuam “agregados” a programas comuns a qualquer computador, como o Windows Media Player e o Winamp. Uma boa programação musical pode ser construída de forma gratuita, através de softwares de compartilhamento de arquivos e servidores para download: milhares de faixas musicais, de todos os países e gêneros, podem ser selecionadas de acordo com o público que a rádio deseja atingir.
Um fenômeno marcante da última década, quando esta tecnologia se tornou popular, foi a proliferação das rádios livres, comunitárias e piratas por todos os cantos do Brasil: das periferias às grandes zonas centrais. Tal fenômeno pode ser sentido em uma viagem pela Dutra, onde percebemos o sinal das rádios locais sendo “cortado” por rádios piratas evangélicas ou de aspecto pseudo-comunitário. “Girando” o dial, notamos a presença de freqüências comunitárias e seu característico chiado, e das rádios livres, que se diferenciam das últimas por não possuírem concessão da Anatel para operar, embora não possam ser consideradas piratas, pois não utilizam a freqüência de outras emissoras.
O espectro do rádio é mal utilizado na grande maioria das cidades brasileiras. Apesar do número de concessões chegar aos milhares, os pequenos municípios ainda sofrem com a falta de informação voltada para a comunidade. Quase sempre, as concessões do governo caem nas mãos de autoridades locais ou grupos religiosos, com pouco ou nenhum comprometimento com a informação e a qualidade da programação. Grupos de trabalho, muitas vezes assessorados por ONG’s, se dedicam então à criação das rádios comunitárias, que passam por um processo de concessão mais simples do que o das comerciais, porém marcado pelo crivo do poder oficial.
Com esta realidade, há quem prefira não passar pelo beneplácito da Anatel, muitas vezes envolvido com barganhas políticas e interesses escusos. As rádios livres dão uma bela “banana” ao processo de concessão e entram no ar “mesmo assim”. Seus interesses não diferem, na maioria dos casos, do que propõem as rádios comunitárias: notícias voltadas para a comunidade e interatividade, no que tange à presença do ouvinte na escolha da programação musical e nos programas de opinião e debates. A Anatel, como não poderia deixar de ser, vem coibindo o funcionamento destas emissoras, e fechou dezenas delas nos primeiros meses deste ano. Também foram lacrados os transmissores de algumas emissoras comunitárias, que não estavam em dia com as obrigações legais e, obviamente, centenas de rádios piratas são fechadas todos os anos.
A produção comunitária é vital para a construção de um país onde a informação chegue de forma pura e democrática. Quando não há a influência dos interesses comerciais nem a subserviência aos grupos de mídia, a informação sem amarras pode construir uma nova realidade para a comunidade que por ela é banhada. Nesta nova realidade, todos podem produzir e se informar.
quinta-feira, 8 de maio de 2008
Comédia Trágica Em Três Atos
Foto: investorwiz.com
Primeiro Ato: Ao Pranto O Que É De Pranto
Tudo bem, o bem venceu. Vou tirar o mal de mim. Prometo: quando o dia amanhecer, a dor de cabeça e o nó no peito serão bem menores do que o fim que se viu no frigir dos ovos. Afinal, a hora de pensar direito é a hora em que a porca torce o rabo. Eu juro que não encostei a arma em meu crânio de forma proposital. Foi tudo uma grande brincadeira. Não estou triste, nem sofro por meu pranto. Só o que eu temo é o desencanto. Desencantei-me com o que eu esperava de quase tudo, e vi a vaca ir pro brejo quando a onça bebeu água. Desencanei-me. Não adianta chorar só pelo pranto. O que vem para o bem não se amassa e joga fora. Nunca jogue fora os panfletos de rua sem antes saber para quê eles vieram. Alguns vêm para mudar a sua vida. Seus problemas acabaram. Os meus, só começaram.
Segundo Ato: Aneurisma Psíquico
É a dor que veio em besta bem no banco do metrô. No laranja, dos idosos, gestantes e crianças de colo. Era só o que restava. Logo, teria de levantar dali, já não tinha muito tempo. Já não tenho muito tempo. Hoje, senti tudo o que é caro esvair-se antes da hora. Desculpa, não deu pra segurar. Foi a minha vez de me evadir. Saí e entrei sozinho por portas e portões, ruas e esquinas, asfalto e pedras portuguesas. Com uma tremenda dor de cabeça, de um resto de gripe. E sem saber o que fazer. Com as mãos nos bolsos e a íris apontando para baixo, perambulei prantoso por minha solidão. Sem saber mais meu caminho, sem saber mais meu lugar.
Terceiro Ato: Sem Pranto Ao Que Não Tem
Tudo bem, o mal venceu. Vou lembrar do bem em mim. Prometo: quando a noite aparecer, a dor de cabeça e o nó no peito serão bem maiores do que o fim que se viu no frigir dos ovos. Afinal, a hora de pensar direito é a hora em que a porca torce o rabo. E qual hora que é? Sem saber pra onde ir, me esqueci do meu lugar. Me esqueci por cinco, dez segundos, do meu amor. Me esqueci de quem eu sou. Eu não sou o mal, o pranto, nem a derrota. Ainda. O mal não me venceu. O bem me deu poucas coisas, mas com as quais posso fazer meu pão e dormir meu sono. Quando relembrei o meu amor, que viu minhas costas virarem minutos atrás, me dei conta de que a hora em que a onça bebe água é a vitória nossa de cada dia. É o nosso pão. Por alguns minutos, naquela praça de metrô, me senti realizado: encontrei alguém que fez a vaca sair do brejo.
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