quinta-feira, 15 de maio de 2008

Rádio Livre: Nem "Escrava", nem "Pirata". Livre.


Trabalhei com rádio online por quatro anos e sei o quanto é fácil e barato se montar a estrutura necessária para se colocar uma rádio no ar nos dias de hoje. Os softwares mais simples – porém eficazes – são gratuitos e atuam “agregados” a programas comuns a qualquer computador, como o Windows Media Player e o Winamp. Uma boa programação musical pode ser construída de forma gratuita, através de softwares de compartilhamento de arquivos e servidores para download: milhares de faixas musicais, de todos os países e gêneros, podem ser selecionadas de acordo com o público que a rádio deseja atingir.
Um fenômeno marcante da última década, quando esta tecnologia se tornou popular, foi a proliferação das rádios livres, comunitárias e piratas por todos os cantos do Brasil: das periferias às grandes zonas centrais. Tal fenômeno pode ser sentido em uma viagem pela Dutra, onde percebemos o sinal das rádios locais sendo “cortado” por rádios piratas evangélicas ou de aspecto pseudo-comunitário. “Girando” o dial, notamos a presença de freqüências comunitárias e seu característico chiado, e das rádios livres, que se diferenciam das últimas por não possuírem concessão da Anatel para operar, embora não possam ser consideradas piratas, pois não utilizam a freqüência de outras emissoras.
O espectro do rádio é mal utilizado na grande maioria das cidades brasileiras. Apesar do número de concessões chegar aos milhares, os pequenos municípios ainda sofrem com a falta de informação voltada para a comunidade. Quase sempre, as concessões do governo caem nas mãos de autoridades locais ou grupos religiosos, com pouco ou nenhum comprometimento com a informação e a qualidade da programação. Grupos de trabalho, muitas vezes assessorados por ONG’s, se dedicam então à criação das rádios comunitárias, que passam por um processo de concessão mais simples do que o das comerciais, porém marcado pelo crivo do poder oficial.
Com esta realidade, há quem prefira não passar pelo beneplácito da Anatel, muitas vezes envolvido com barganhas políticas e interesses escusos. As rádios livres dão uma bela “banana” ao processo de concessão e entram no ar “mesmo assim”. Seus interesses não diferem, na maioria dos casos, do que propõem as rádios comunitárias: notícias voltadas para a comunidade e interatividade, no que tange à presença do ouvinte na escolha da programação musical e nos programas de opinião e debates. A Anatel, como não poderia deixar de ser, vem coibindo o funcionamento destas emissoras, e fechou dezenas delas nos primeiros meses deste ano. Também foram lacrados os transmissores de algumas emissoras comunitárias, que não estavam em dia com as obrigações legais e, obviamente, centenas de rádios piratas são fechadas todos os anos.
A produção comunitária é vital para a construção de um país onde a informação chegue de forma pura e democrática. Quando não há a influência dos interesses comerciais nem a subserviência aos grupos de mídia, a informação sem amarras pode construir uma nova realidade para a comunidade que por ela é banhada. Nesta nova realidade, todos podem produzir e se informar.

5 comentários:

Blog do Mario disse...

está tão perfeito que dispensa comentários...

Isabela de Sousa disse...

Só a Rádio Estação poderá salvar o dial carioca (com o Papo de Estação na programação, é claro)!

ANA FONSECA disse...

tava na hora da rádio estação aderir, né?

Unknown disse...

Pois é minha gente,o mundo da comunicação tem as suas facilidades, mas também mau aproveitamento e aqueles que querem se dar bem nesse universo que está crescendo vertiginosamente. Nós, comunicólogos, temos que zelar pela aproveitamento de bons profissionais e nos precaver em relação àqueles que tentam burlar o "direito" para se favorecerem.

Cah Rosa disse...

eu acho que o mundo tá acabando...