Brinda a taça
Enquanto o som disfarça
Já que os fogos espantam
Os olhos que eles mesmos encantam
Corta a faixa
É ano novo
E o resto encaixa
Ao plano outro
Doze badaladas...
Agüenta e senta
Outros trezentos e sessenta
De mil e tantos
Quiçá milhares...
Doze badaladas...
Ano que vem vai ser igual
O mesmo par, no mesmo canal
Na mesma hora, no mesmo lugar
Pro mesmo fim: se eternizar!
quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
De Mala e Cuia pra Vida
Quando eu vi o sol bater
Nos cristais de íris castanha
Vi que era a minha vez
Vi que a sorte era tamanha
Os cristais se emocionaram
Quando ouviram o pedido
Depois choraram num canto
Refletindo o acontecido
Minha vida agora é o dobro
E meus sonhos são a dois
E os cristais de íris castanha
Me acompanham onde eu vou
Mesmo quando não estou por perto
Os cristais olham pra mim
Pode haver amor mais certo?
Que do perto não precisa
Mas agora eu vi como é
Ter por longe meus cristais
Muitos dias sem te ver
Muitos dias sem ter paz
Minha hora é de esperar
Por dez dias, até mais
O encontro me abraçar
Pro meu sol me ensolarar
Até lá eu vou vivendo
Sem a metade de mim
Com só dois braços, duas pernas
E meu coração em disparada
Que espera ouvir na porta
O tocar da campainha
Meus cristais estão voltando
De mala e cuia pra vida
Tão louquinha da cabeça
Com histórias pra contar
Das agruras da cidade
No interior do Brasil
Minha espera não te alcança
E nem sei o que se faz
Da saudade faço dança
E te aguardo mais, e mais
Pois minha razão na vida
É por toda esperar
Meu encontro tão sonhado
Com os meus doces cristais
Por dez dias minha espera
A fitar pela janela
Todos carros vão passando
Até um fusca buzinar
É a volta do meu lado
Para sempre ocupado
É a volta dos teus olhos, que ao bater do sol
São mais claros que o pecado
E pecado não existe
Pra quem vive a esperar
O seu outro lado, e enfim encontra
Nos dois cristais a brilhar
Foi quando o amor eu encontrei
Por minha vida me apaixonei
Até a rotina elogiei
E das esperas não reclamei
Saí da fila e afirmei:
Me eternizei porque nunca parei
Nos cristais de íris castanha
Vi que era a minha vez
Vi que a sorte era tamanha
Os cristais se emocionaram
Quando ouviram o pedido
Depois choraram num canto
Refletindo o acontecido
Minha vida agora é o dobro
E meus sonhos são a dois
E os cristais de íris castanha
Me acompanham onde eu vou
Mesmo quando não estou por perto
Os cristais olham pra mim
Pode haver amor mais certo?
Que do perto não precisa
Mas agora eu vi como é
Ter por longe meus cristais
Muitos dias sem te ver
Muitos dias sem ter paz
Minha hora é de esperar
Por dez dias, até mais
O encontro me abraçar
Pro meu sol me ensolarar
Até lá eu vou vivendo
Sem a metade de mim
Com só dois braços, duas pernas
E meu coração em disparada
Que espera ouvir na porta
O tocar da campainha
Meus cristais estão voltando
De mala e cuia pra vida
Tão louquinha da cabeça
Com histórias pra contar
Das agruras da cidade
No interior do Brasil
Minha espera não te alcança
E nem sei o que se faz
Da saudade faço dança
E te aguardo mais, e mais
Pois minha razão na vida
É por toda esperar
Meu encontro tão sonhado
Com os meus doces cristais
Por dez dias minha espera
A fitar pela janela
Todos carros vão passando
Até um fusca buzinar
É a volta do meu lado
Para sempre ocupado
É a volta dos teus olhos, que ao bater do sol
São mais claros que o pecado
E pecado não existe
Pra quem vive a esperar
O seu outro lado, e enfim encontra
Nos dois cristais a brilhar
Foi quando o amor eu encontrei
Por minha vida me apaixonei
Até a rotina elogiei
E das esperas não reclamei
Saí da fila e afirmei:
Me eternizei porque nunca parei
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
Me Senti Sem Fio de Prumo
Tudo o que nos é importante é muito tênue. Explico: Antes de consolidarmos qualquer coisa que seja, pensamos inúmeras vezes em como e quando o elo se romperá. Quem não pensa no pior quando vê alguém querido padecer? Por não sabermos, por natureza, lidar com as perdas, nos acostumamos a prevê-las antes de virem, como uma forma de aliviar o sofrimento. Desde que tomamos grau adeqüado de consciência, pensamos no dia em que nos despediremos de nossos familiares, amigos e animais. Pais que não querem que seus filhos tenham cachorros em casa justificam a decisão com o tradicional 'Não. Depois o bicho morre e você fica aí chorando.'. Como podemos ver, embora tentemos lidar com as perdas, muitas vezes nos é negada até a tentativa. Para fugir do desencontro, resolvi rotular como eterno tudo o que me é querido. Jurei, como todos, amor eterno muitas vezes à muita gente. Tratei meus avós como imortais, e não quis lhes ver na despedida. Desde sempre, jurei amor eterno à minhas escolhas, dádivas e até aos meus fardos. Ao contrário, do que a razão afirma, amar nunca é demais: quando amamos, ao fim das contas, é porque escolhemos assim ou aderimos a isso. Logo, não é erro manter a coerência: 'Ame suas escolhas, mudar de idéia é coisa de quem se equivocou'. E sou de grande coerência com o que quero e sempre quis. Na medida em que caminhos foram surgindo à minha frente, optei por uma das curvas e nunca peguei um retorno. E puxei, dia após dia, o fio de meu destino com olhos de lince e tato de lagarto, com o maior esforço que poderia ter. Punha entre as mãos o fio das certezas com a habilidade que só os pretendentes à eternidades se propõem a ter. A cada afago em meu fio de prumo, sorria para minhas certezas e as reafirmava: eu nunca perderia coisa alguma que quisesse ter. Um dia, quando quis acariciar os meus fiapos, não os encontrei. Nenhum deles. Ainda que detestasse meus traços que não pude escolher, sempre reafirmei minhas escolhas. Movi então minhas mãos pelo vácuo à procura de minhas verdades, num estranho e inútil bailar. Fio a fio, todas as tênues garantias haviam se partido ou passado para outro plano. O eterno num segundo se quebrou, rendendo-se ao agora. E aí eu percebi que ninguém mais tem certezas tais quais eu sempre tive, e que o dever da dúvida é salutar para quem não quer se perder. Ainda que perdessemos todas as certezas, fios tênus não seriam artificialmente petrificados e transformados em verdades absolutas e resistentes ao tempo e à ventanias. Nesta noite só me resta uma última certeza: a de que não mais me entregarei ao imponderável, já que não sei mais o que o incerto fará de mim.
segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
O Diário do Fim do Mundo
Auschwitz, O Testemunho de Um Médico, Dr. Miklos Nyiszli. Editora Record.
Uma estadia de doze meses nas cinzas fumegantes da destruição de milhões de vidas: um ano na caldeira do inferno. Miklos Nyiszli proporcionou, ao lançar sua obra em 1946, uma expressão boquiaberta a seus leitores. Seus relatos são impressionantes, e de tão cruéis parecem inverossímeis. Mais de sessenta anos depois, o discurso de 'higienização da raça humana' permanece presente em grupos de neo-nazistas ao redor do Mundo. Porém, dificilmente os portões para o apocalipse serão abertos como na II Guerra Mundial. Em pouco mais de duzentas páginas, o Dr. Miklos sintetiza o horror de milhões de almas que gritaram nas câmaras de gás ou na mira de um revólver, supliciadas por meses de torturas físicas e mentais. Nunca uma denúncia foi tão atual: aos que negam o holocausto, a resposta retumbante de quem viu o Mundo acabar para quatro milhões de pessoas em um mesmo ponto do planeta.
Uma estadia de doze meses nas cinzas fumegantes da destruição de milhões de vidas: um ano na caldeira do inferno. Miklos Nyiszli proporcionou, ao lançar sua obra em 1946, uma expressão boquiaberta a seus leitores. Seus relatos são impressionantes, e de tão cruéis parecem inverossímeis. Mais de sessenta anos depois, o discurso de 'higienização da raça humana' permanece presente em grupos de neo-nazistas ao redor do Mundo. Porém, dificilmente os portões para o apocalipse serão abertos como na II Guerra Mundial. Em pouco mais de duzentas páginas, o Dr. Miklos sintetiza o horror de milhões de almas que gritaram nas câmaras de gás ou na mira de um revólver, supliciadas por meses de torturas físicas e mentais. Nunca uma denúncia foi tão atual: aos que negam o holocausto, a resposta retumbante de quem viu o Mundo acabar para quatro milhões de pessoas em um mesmo ponto do planeta.
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
Isabela Na Cova dos Leões
Apenas mais um conto
Mais um ponto entre tantos
Ponto em tanto, tão pequeno
Tão nervoso e tão sereno
Ponto encontro e ligo o ponto
É que enfim cheguei ao ponto:
Pode tanto amor e encanto?
Pode enquanto o ponto é pranto
Pode enquanto o ponto é santo
Pode enquanto o ponto é riso
E se ao ponto há mais um pranto?
Se liga e se sente, se explica e se tenta
Dois pontos se unem e o pranto se enfrenta
O medo se espanta e até a morte se agüenta
Se acalma com o eterno e se passa o inverno
E se o ponto aumenta um tanto?
Se perde o controle, se faz a loucura
E faz do novo uma nova procura
Uma vida perdida no meio do ponto maior?
Perdida jamais, se a um ponto ligar
Ponto em bilhões, perdido, encontrado
Que de todos os pontos és o mais amado
Um ponto a mais lutando pelo achado
O achado maior, o ponto final:
Um feliz brado ao encontro
Um feliz brado ao eterno
Mais um ponto entre tantos
Ponto em tanto, tão pequeno
Tão nervoso e tão sereno
Ponto encontro e ligo o ponto
É que enfim cheguei ao ponto:
Pode tanto amor e encanto?
Pode enquanto o ponto é pranto
Pode enquanto o ponto é santo
Pode enquanto o ponto é riso
E se ao ponto há mais um pranto?
Se liga e se sente, se explica e se tenta
Dois pontos se unem e o pranto se enfrenta
O medo se espanta e até a morte se agüenta
Se acalma com o eterno e se passa o inverno
E se o ponto aumenta um tanto?
Se perde o controle, se faz a loucura
E faz do novo uma nova procura
Uma vida perdida no meio do ponto maior?
Perdida jamais, se a um ponto ligar
Ponto em bilhões, perdido, encontrado
Que de todos os pontos és o mais amado
Um ponto a mais lutando pelo achado
O achado maior, o ponto final:
Um feliz brado ao encontro
Um feliz brado ao eterno
domingo, 7 de dezembro de 2008
Tem Amor Infinito...
Foto: Celso Pupo - fimdejogo.com.br
Não vi o gol do Raúl. Fiquei sabendo que quem era pra estar ali era o Válber. Nasa e Luisinho bateram cabeça. Vítor virou avenida. Odvan, entre o pênalti e o gol, errou também o carrinho e ficou no caminho. Esse eu não vi, estava na aula. Quando Edmundo pôs a bola na marca do pênalti, Dida parecia ter três metros. Bola pra fora. Frustração. Sobrou pro Antônio Lopes, que errou ao colocar pra bater quem nunca soube. Tive uma crise nervosa com o gol do Petkovic, que justiçou a covardia de Joel Santana. Nos três casos, faltou determinação. E digo isso sem medo algum: naqueles três dias, se esqueceu do tamanho do Vasco. Noventa anos atrás, negros e operários suaram sangue para construir o primeiro time popular do Brasil. Mas bolas que entraram ou deixaram de entrar sempre foram menores do que a luta com que sempre se fizeram as coisas no Vasco. Sempre foi uma aporrinhação. Muita gente secando, essa raça chata de flamenguistas sempre à espreita, rotinas e hábitos que desde sempre só existiram no Vasco... A minha apresentação a este clube se deu no início de 1997. O Edmundo havia renovado o contrato e reestrearia em uma partida contra o Botafogo em São Januário. Perdemos. Mas para um torcedor de dez anos, deslumbrado com o time que escolheu, derrotas, vitórias ou empates trazem o mesmo fascínio. E tive o meu primeiro contato com o Edmundo no vestiário do estádio, levado por um parente membro da antiga diretoria. Ele dava entrevistas de cueca, e isso me chamou a atenção naquele momento. E, pelo o que falavam dele, senti medo de me aproximar. Só cheguei perto incentivado pelo zagueiro João Luiz e pelo Carlos Germano, grande figura humana e grande vascaíno. Ali começou uma relação de risos, lágrimas, gritos e emudecimentos. Já são 11 anos enfrentando filas, roendo as unhas na frente da TV, pegando trem pra Édson Passos e respondendo aos comentários jocosos de quem não sabe o que é o Vasco. Hoje, 110 anos da mais bonita das histórias caíram no chão com o peso de um livro de capa de couro, letras douradas e mais de uma dezena de milhões de leitores assíduos. Agora, meus amigos, o livro está no chão. Que dezesseis milhões de mãos e almas, que não têm divisão nem derrotas, honrem o que sempre fomos. Somos C.R VASCO DA GAMA, limpos e dignos desde o início - apesar dos equivocados que insistiram em tentar fazer de nosso clube propriedade privada - marcados pelo preto e pelo branco que simbolizam melhor do que qualquer outra coisa a nossa unidade. Que no longo deserto de 2009 sejamos peregrinos de um amor inifinito que é muito mais antigo e muito maior do que qualquer coisa passageira como um rebaixamento. E que o 111 seja o reencontro do Vasco com a vascainidade e com as vitórias.
Não vi o gol do Raúl. Fiquei sabendo que quem era pra estar ali era o Válber. Nasa e Luisinho bateram cabeça. Vítor virou avenida. Odvan, entre o pênalti e o gol, errou também o carrinho e ficou no caminho. Esse eu não vi, estava na aula. Quando Edmundo pôs a bola na marca do pênalti, Dida parecia ter três metros. Bola pra fora. Frustração. Sobrou pro Antônio Lopes, que errou ao colocar pra bater quem nunca soube. Tive uma crise nervosa com o gol do Petkovic, que justiçou a covardia de Joel Santana. Nos três casos, faltou determinação. E digo isso sem medo algum: naqueles três dias, se esqueceu do tamanho do Vasco. Noventa anos atrás, negros e operários suaram sangue para construir o primeiro time popular do Brasil. Mas bolas que entraram ou deixaram de entrar sempre foram menores do que a luta com que sempre se fizeram as coisas no Vasco. Sempre foi uma aporrinhação. Muita gente secando, essa raça chata de flamenguistas sempre à espreita, rotinas e hábitos que desde sempre só existiram no Vasco... A minha apresentação a este clube se deu no início de 1997. O Edmundo havia renovado o contrato e reestrearia em uma partida contra o Botafogo em São Januário. Perdemos. Mas para um torcedor de dez anos, deslumbrado com o time que escolheu, derrotas, vitórias ou empates trazem o mesmo fascínio. E tive o meu primeiro contato com o Edmundo no vestiário do estádio, levado por um parente membro da antiga diretoria. Ele dava entrevistas de cueca, e isso me chamou a atenção naquele momento. E, pelo o que falavam dele, senti medo de me aproximar. Só cheguei perto incentivado pelo zagueiro João Luiz e pelo Carlos Germano, grande figura humana e grande vascaíno. Ali começou uma relação de risos, lágrimas, gritos e emudecimentos. Já são 11 anos enfrentando filas, roendo as unhas na frente da TV, pegando trem pra Édson Passos e respondendo aos comentários jocosos de quem não sabe o que é o Vasco. Hoje, 110 anos da mais bonita das histórias caíram no chão com o peso de um livro de capa de couro, letras douradas e mais de uma dezena de milhões de leitores assíduos. Agora, meus amigos, o livro está no chão. Que dezesseis milhões de mãos e almas, que não têm divisão nem derrotas, honrem o que sempre fomos. Somos C.R VASCO DA GAMA, limpos e dignos desde o início - apesar dos equivocados que insistiram em tentar fazer de nosso clube propriedade privada - marcados pelo preto e pelo branco que simbolizam melhor do que qualquer outra coisa a nossa unidade. Que no longo deserto de 2009 sejamos peregrinos de um amor inifinito que é muito mais antigo e muito maior do que qualquer coisa passageira como um rebaixamento. E que o 111 seja o reencontro do Vasco com a vascainidade e com as vitórias.
Assinar:
Postagens (Atom)