segunda-feira, 9 de março de 2009

Existencialismo

Somos todos abre-portas de um grande cabaré. Somos sempre abrea-alas de um grande bloco a pé. Somos todos porta-sinos em uma grande chaminé. Somos quase sempre o resto, tão sujeito ao defenestro, tão ao encontro do seqüestro, tão restritos ao comum. Sim, seqüestram-nos as almas quando negam-nos o futuro, ainda que o futuro seja os centavos jogados ao vento por quem deu mais sorte e ficou por aí. Não acredite nos restos. Eles são como lobos a espreita de quem se enfeita para ver a vida passar. Só os que passaram bem por algumas noites podem ver os dias em um feliz despertar. Aos outros, só restam os uivos invejosos, sedentos por pontos a mais no jogo da vida. Tais lobos são restos a mais do prato do dia. Tais lobos são frestas a mais das portas abertas. Acreditem: só nos resta o que restar. Por mais que esperemos e tentemos, o futuro está nas mãos dos que nada fazem. Aceitem: o resto ritual está nas letras dos que nada trazem.

Um comentário:

Isabela de Sousa disse...

"Somos quase sempre o resto, tão sujeito ao defenestro, tão ao encontro do seqüestro, tão restritos ao comum. Sim, seqüestram-nos as almas quando negam-nos o futuro, ainda que o futuro seja os centavos jogados ao vento por quem deu mais sorte e ficou por aí." É, amigo cronista: somos vozes inaudíveis numa multidão de imbecis!