sábado, 12 de dezembro de 2009

Pra Seu Remédio

Pra ser sincero, quero que todos os asfaltos e pedras portuguesas por onde nossos pés passarem nos levem a dois ou três quilômetros daqui. Longe, nos abraços cálidos desembaraçaremos todos os nós. Desataremos nós de cadarços, aprenderemos nós-de-marinheiro e seremos, nós dois, mais ágeis e habilidosos. Bem longe daqui, capinaremos, cuidaremos da horta, cortaremos as palmas e criaremos cactus. Hábitos distantes. Lá do outro lado, desceremos a ladeira no temporal, beijaremos a chuva e tomaremos banho de lama. Passaremos frio, fome, calor e dormiremos noites mal dormidas. Observaremos com prazer o gargalhar das hienas, o bater de asas dos abutres e os rugidos dos leopardos. Estaremos do outro lado do mundo! Bem longe, com fome ou frio, será o nosso lar. Ou bem perto, talvez. Quem sabe, aqui na esquina. Quem sabe aqui, talvez.

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