sexta-feira, 14 de maio de 2010
Saudade à Manivela
Tanto tempo faz que o tempo não nos vê que até que dá saudade de te ver. Saudade do cordão, colombina! Ensaboa os cravos com esfoliante, espalha bem o creme hidratante, pinta a cara e pinta a boca, pinta os olhos de azul. Põe as lentes, os cílios postiços, o pompom na cabeça e vai pra rua brincar ao som da marcha-rancho. Não me leve a mal. Aqui ou em Madagascar, somos duas vozes na folia, somos quatro pés de carnaval. Plantamos raízes de pés de alface nos canteiros de obras, bebemos água do poço e caçamos rãs no quintal. Do poder da tristeza, fomos cassados. Somos tal qual duas vozes em uníssono, que entre espirros e cochichos cantam a mesma poesia doce dos apaixonados: a bela construção que, carnavais a carnavais, atravessam quartos de século, se aprofundam e se embelezam a cada nova fantasia.
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