domingo, 16 de maio de 2010

Canto Mudo

Me faz pingar cada caldo de meus olhos nas letras azuis de suas linhas corridas. Velho caderno, pequena. Mesmas palavras de sempre, de apreço e juras eternas, convivem com raivas contidas e mortes silenciosas que duram um ou dois segundos para serem sobrepostas pelo renascimento. Mares bravios, céus tempestuosos, terras trêmulas. Carnes fracas. Atravessa comigo cada tormenta minha e cada trovoada sua. Ao mesmo barco, almas nuas, dedicaremos cada enjôo em alto mar. Viaja comigo aos gélidos trópicos, encanta as gaivotas do azul e as cobras da terra firme. Pede comigo ao mágico da eternidade a prece por todos os nossos, e espera em camarote a minha procura todas as noites. Puxa o meu pé. Seja fantasma a rondar meus rodeios, seja sombra a cada passo em falso, seja meu guarda-chuva e meu guarda-sol. Seja meu beijo de boa-noite. Viva a cada dia de minhas juras, renove-as, faça-as suas. Cumpra-as. Morra minha companheira, e me acompanhe até além. Atravesse as portas comigo. Marque um passeio na esquina do interminável, na noite estrelada que embeleza até a velha e suja praça do Rio Comprido onde o amor se fez presente.

Um comentário:

Isabela Farias disse...

Está selado nosso contrato de amor eterno. Este, que surgiu desde momento em que nos desejamos pela primeira vez, nos amamos para sempre e nunca nos despedimos.

te amo!!