sexta-feira, 28 de março de 2008

Salete Lemos na CNT

A polêmica jornalista Salete Lemos, que deixou a TV Cultura no segundo semestre do ano passado, é o novo reforço da CNT. A emissora, que pretende voltar a investir em programação própria neste ano, contratou Salete para apresentar o novo CNT Jornal, que será gerado - provavelmente - no Rio de Janeiro. Além de Salete, foi confirmada a compra de um pacote de filmes clássicos que serão exibidos no horário das dez da noite, na nova "Sessão das Dez". Resta saber se Salete vai sobreviver à coceira que a família Martinez tem em vender horários da programação da CNT, e se a qualidade do novo CNT Jornal será superior ao bom nível apresentado por Carlos Chagas e companhia até o fim de 2006.

terça-feira, 25 de março de 2008

Chuva D'Outono



Tantas lamúrias, queixumes, rebarbas dos cheios-de-dedos pelas mortes insidiosas, dolosas, em prosa, dos sonhos alheios. Em verso há o verbo da criação. Somos verbo de nossos sonhos, e predicativo de nossos entes queridos. Somos almas entrelaçadas, mentes enluaradas que sonham com algo mais do que dois mil na conta bancária e o expremer do bolso no fim do mês. Somos cheios-de-dedos. E nos queixamos quando tudo dá errado para a gente e certo para os outros. Dedos cerrados! Figa com as mãos!
E cruzamos os dedinhos em nossas costas com medo de jurar a sorte do alheio, para o bem ou para o mal. Juro nunca jurar o perjúrio, pra nunca pedir a injúria. O caso da dengue nos lembra o quão entornado está o olho fechado pros absurdos que viram a esquina. Só nos indignamos com nossa casa, ou com o canteiro fétido das obras que a Prefeitura está fazendo na rede de esgoto da nossa rua. Nas filas de cada posto, gente que sentiu dor-de-cabeça e tomou aspirina pensando que era gripe. Gente da segunda dengue, pondo sangue pela boca e pelo nariz, sem saber bem se vai durar.
É triste a vida de quem não inveja os outros por não ter contas pra pagar, e que não é assaltada no topo do morro por ter segurança quase particular. Essa gente mal tem com o que viver. É hora de olhar com mais apuro pelas filas doídas do Miguel Couto, de gente que desce nos pontos dos ônibus e anda ao lado dos gritos dos cobradores das vans. Gente que vive, e que não quer morrer.
Pede-se, a tempo, o fim do mosquito. Mosquito zebrado, "pêíbê", malhado. Que vê tornozelos e peitos de pés... Batatas-da-perna, canelas e coxas. E a testa do Nelson Ned. Seriedade com o mosquito e com seu alimento. O sangue do outro não é brincadeira. Abaixo às mortes por incompetência e às vidas de inapetência. Abaixo à repetência da insanidade pública. Que todos se olhem, se fiscalizem e se salvem.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Palpites da Loteca: Concurso 303



Inicio aqui os meus palpites para os confrontos da Loteria Esportiva, que vão ser publicados semanalmente aqui no Sobretudo e Meia. Aí vão:

Jogo 1: Atlético/MG x Cruzeiro

Com previsão de mais de sessenta mil pessoas no Mineirão, esse jogo tem tudo para ser o melhor do fim de semana. Os dois times vem bem. No Atlético, apesar da falta de um meia organizador - Souza pode fazer essa função mais tarde, se estiver em boa forma - alguns jovens valores como Leandro Almeida, Renan e Danilinho vêm muito bem. No entanto, a equipe não vai contar com a segurança do experiente Marques, um ponto de equilíbrio no ataque do time e responsável por diversas assistências. O Cruzeiro jogou no meio da semana pela Libertadores da América, e pode ter dificuldades com o cansaço. A equipe parece mais segura e consistente que a do Atlético, e tem uma excelente média de gols marcados. Vou fugir do clichê de apostar em coluna do meio nos clássicos, meu palpite é coluna 2

Jogo 2: Corinthians x Guaratinguetá

O Corinthians joga no Morumbi a classificação contra um adversário direto, o Guaratinguetá. Apesar de ter perdido o elo entre o meio campo e o ataque - o meia Jorge Henrique, negociado com o Santa Cruz - o Guaratinguetá continua uma equipe perigosa, rápida e muito boa nas bolas paradas. O Corinthians tem um bom sistema defensivo, e pode contar com a volta do goleiro Felipe. É uma boa oportunidade para o meia Diogo Rincón - contratado a peso de ouro - mostrar serviço com a camisa corinthiana, e ser o meia que faltava para municiar Dentinho, Acosta e Finazzi - que não joga. Como o jogo é na capital e a Fiel deve comparecer, aposto em uma vitória apertada do Corinthians. Mas o Guaratinguetá deve mesmo se classificar para a fase final do Paulista. Coluna 1.

Jogo 3: Flamengo x Americano

O Americano fez contratações interessantes para a Taça Rio, como o volante Leandro Matera, ex-Vila Nova de Goiás e que estava no Volta Redonda. A equipe é muito dependente da bola parada com o bom lateral-esquerdo Rondinelli, e dos lampejos do veterano atacante Romualdo. Apesar de ter trocado o treinador - Sérgio Alexandre deu lugar ao competente Válter Ferreira - continua muito fraca. O mistão do Flamengo deve vencer o jogo. Coluna 1.

Jogo 4: Ceará x Fortaleza

O Ceará perdeu meio time, graças aos constantes atrasos nos salários dos jogadores. Entre os que deixaram a Ilha das Cobras estão os veteranos Mazinho Lima e Sérgio Manoel. A contratação do atacante Dejair, do São Caetano, foi interessante. Do lado do Leão da Pici, vejo um time muito "velho" do meio para a frente. Paulo Isidoro, Lúcio, Taílson, Alex Alves... Nem todos são titulares, mas a equipe pode ter problemas se o Ceará marcar em cima. Coluna do Meio.

Jogo 5: Novo Hamburgo x Grêmio

O time do Novo Hamburgo não é tão bom quanto o das temporadas passadas, e o Grêmio vem subindo de produção nos últimos jogos. Róger, Perea e Soares vêm jogando muito bem e embalaram o time. Coluna 2.

Jogo 6: Internacional x Brasil

O Brasil de Pelotas, do mítico atacante uruguaio Claudio Millar, ex-Botafogo, não deve ser páreo para o Internacional. Alex vem jogando muito, e a previsão é de uma vitória fácil no Beira-Rio. Coluna 1.

Jogo 7: Mineiros x Goiás

Me preocupa o elenco "na conta do chá" do Goiás, que praticamente não tem jogadores reservas do meio pra trás. A zaga é jovem e ainda pouco segura. O ataque, com Alex Dias, Alex Terra, Schwenk e Rinaldo - seja qual dos quatro entrar em campo - tem bom poder de fogo. O Mineiros, por onde o zagueiro Odvan andou desfilando o seu "talento", joga em casa e pode surpreender, apesar da pouca necessidade da vitória - a campanha é tranqüila com relação ao rebaixamento, mas o time não deve se classificar para a fase final. Coluna do Meio.

Jogo 8: Juazeiro x Vitória

O time do Vitória não é bom, mas o Juazeiro - time da terra de Ivete - não deve dar muito trabalho. A equipe é a vice-lanterna do Campeonato Baiano, e está longe das boas campanhas que obteve nos anos noventa, quando importunou a dupla Ba-Vi por diversas vezes. Coluna Dois.

Jogo 9: Iraty x Atlético/PR

O Iraty é um dos oito mil clubes de empresário do futebol paranaense. O Atlético/PR perdeu jogadores importantes e vem em queda livre, que culminou com a vexatória eliminação da Copa do Brasil para o Corinthians, de Alagoas. Mesmo assim, a equipe está invicta na temporada. Deve dar Atlético, mas é bom lembrar que Coritiba e Paraná Clube vêm subindo de produção e podem tirar a taça da Arena da Baixada. Coluna Dois.

Jogo 10: Fluminense x Friburguense

O Fluminense vem muito bem, e o Friburguense perdeu dois de seus pilares nesta semana: o experiente lateral Sérgio Gomes e o volante Bidu. Os dois foram para o Brasiliense. O time é um pouco melhor que o das temporadas anteriores, mas não deve ser páreo para o tricolor, que parece finalmente ter se acertado. Coluna Um.

Jogo 11: Botafogo x Volta Redonda

O Volta Redonda trocou de treinador para a Taça Rio. Alexandre Gama é competente e consegue fazer com que os jogadores subam de produção. O Botafogo fez uma má estréia contra o América, e ainda parece abalado com a perda da Taça Guanabara. O Volta Redonda pode aprontar e conseguir um empate, mas o mais provável é Coluna Um.

Jogo 12: Santos x Noroeste

O time do Santos é fraco, e deve perder o bom volante Rodrigo Souto para o futebol europeu. O Noroeste não deve contar com o artilheiro Otacílio Neto, mas tem uma boa equipe. Como o Santos anda dando mole na Vila Belmiro, aposto em Coluna do Meio.

Jogo 13: Bragantino x Palmeiras

Um jogo difícil para o Palmeiras. Esse time do Bragantino sabe amarrar um jogo como poucos, e tem bons marcadores. Vanderlei Luxemburgo, prevendo que terá de pressionar, pretende escalar Diego Souza como segundo volante. Jogo complicado, e que envolve diretamente a disputa pela vaga para a segunda fase. Coluna do Meio.

Jogo 14: Portuguesa x São Paulo

O Canindé continua em obras, e a partida vai ser realizada no campo neutro do Botafogo, em Ribeirão Preto. Portuguesa e São Paulo têm times para jogar muito mais do que vêm jogando. A Lusa joga as suas últimas fichas para tentar a classificação e o São Paulo, exausto pelo jogo complicado que teve na Libertadores, tenta se manter entre os quatro primeiros. Mais uma vez, meu palpite é Coluna do Meio.

Pegou Fogo na Taba



Me acostumei com aquele esquadrão do Guarani dos anos noventa, que deu o que falar no Campeonato Paulista e no Brasileiro. Um time que contava com Djalminha, Amoroso, Aílton, Luizão e com a exótica presença do goleiro-gigante Hiran, de quase dois metros. É muito triste para todo mundo que gosta de futebol e que curtia o Brasileirão dos anos noventa e os times que nele figuraram e que nunca mais conseguiram voltar - Bahia, Guarani, União São João, Desportiva, Ceará, Remo, Bragantino, Botafogo de Ribeirão Preto e muitos outros que estão há anos nas divisões de acesso - ver o Guarani muito próximo de um novo rebaixamento para a obscura Série A2 do Campeonato Paulista, onde o público de um jogo raramente ultrapassa o de duas mil pessoas. Preocupa também a degradação patrimonial do Bugre, em vias de vender o estádio Brinco de Ouro em uma desesperada tentativa de sanear as finanças do clube. O time desse ano é inferior ao que retornou para a A1 e foi eliminado na segunda fase da Série C do Brasileiro do ano passado. Diversos jogadores presos a empresários e investidores, mas de técnica razoável, deixaram o Guarani rumo a clubes de pouca ou nenhuma expressão. O volante Macaé, capitão durante a temporada passada - por exemplo - está atuando no futebol sul-matogrossense. Assim como o já citado caso do América, os problemas do Guarani aumentaram com a escolha equivocada do comando técnico. Wilson Coimbra, o homem forte do futebol bugrino na temporada passada, deixou o clube no início do ano rumo ao Atlético Sorocaba. Com ele, foram para o mesmo time jogadores importantes como o bom goleiro Buzetto - ídolo bugrino - e o experiente volante Umberto, que era um dos remanescentes do rebaixamento para a Série C em 2006 e que fez boas temporadas pelo Paulista de Jundiaí, formando dupla com Amaral, hoje no Vasco da Gama. Recentemente, o famigerado vice de futebol, José Carlos Hernandes, também deixou o Guarani. Em meio a um processo eleitoral e a um suposto envolvimento do ex-treinador José Luiz Carbone com a chapa de oposição ao atual presidente, o experiente técnico acabou trocando o Brinco de Ouro pelo Moisés Lucarelli, e é o atual coordenador do futebol da rival Ponte Preta. Em campo, as escolhas não foram nada boas. O zagueiro Danilo Silva, que fez um razoável final de Brasileiro pelo São Paulo foi repatriado, e o reforço de maior expressão foi o atacante Fábio Pinto, que surgiu muito bem no Internacional e nas seleções de base, mas que não consegue jogar por menos do que dois times por temporada. Ademais, a fanática torcida do Bugre - provavelmente revoltada com as más administrações - vem comparecendo em baixo número ao Brinco de Ouro, muito abaixo dos jogos da Série A2, onde chegou a levar cerca de quinze mil pessoas, ou mesmo da Série B de 2005, onde o Guarani quase conseguiu o acesso e o Brinco de Ouro lotou várias vezes. Falta ao time, especialmente, uma boa dupla de meio campo. Marcinho, ex-Ituano e Paulo Santos, com passagem por diversos clubes do interior paulista, definitivamente não vêm dando conta do recado. Jogadores das categorias de base, como os atacantes Thales e Éder - este último negociado com o Flamengo a preço de banana - deixam o clube a toda hora, e quase sempre sem qualquer retorno financeiro. A má campanha do Guarani no Paulista e a eliminação precoce na Copa do Brasil - pela Chapecoense, de Santa Catarina - são as provas do péssimo planejamento em relação ao time. Resta torcer para que a tradicional camisa bugrina traga disposição aos jogadores para que ao menos tentem apagar parte do vexame evitando o rebaixamento, e a próxima partida, o "Derby Campineiro", contra a Ponte Preta, é uma boa oportunidade para ganhar novo ânimo no campeonato e superar as limitações técnicas.

terça-feira, 4 de março de 2008

Monique Lafond, Gimenez e o Desemprego

Monique Lafond (esq) e Lúcia Veríssimo, em mais uma cena tórrida do cinema nacional. Foto: Divulgação

Neuza Borges, Mário Cardoso, Gretchen, Nahim e Roberta Close; Narjara Turetta, Cida Marques, Gel e Mara Maravilha; Ovelha e Cid Guerreiro. A seleção de ilustres personalidades dos oitenta, há muito abandonadas pela grande mídia, foi reforçada nesta semana pela deprimente aparição da atriz Monique Lafond, que se notabilizou por sua atuação em pornochanchadas e nos filmes dos Trapalhões. Monique e seus pouco mais de cinqüenta anos marcaram presença no Superpop, da inefável Luciana Gimenez. Além das curiosidades reveladas após as indiscretas perguntas de um júri de convidados, Monique aproveitou a deixa para pedir um emprego. Declarou estar fora da televisão desde que atuou como convidada especial do inexplicável programa "A Turma do Didi", onde recebeu como "homenagem" - segundo as palavras da própria - um cachê de 2 mil reais. Sem saber fazer mais nada da vida e com muito pouco do que foi acumulado ao longo de 30 anos de carreira, Monique engrossa a lista de atores, cantores e ex-jogadores de futebol que têm recorrido aos programas populares, como o já citado Superpop e o "A Tarde é Sua", de Sônia Abrão, em busca de novas oportunidades na televisão, palcos e gramados. De sua geração, que por anos abrilhantou as madrugadas da TV Manchete com as hilariantes produções da indústria pornô nacional, Monique Lafond é a única a chegar às raias do desespero. Matilde Mastrangi, sua grande "rival", vive há muitos anos com o ator Oscar Magrini, e parece mesmo ter deixado as câmeras de lado para se dedicar à uma pacata vida como "do lar", nos bastidores do marido famoso - e tão bom ator quanto ela. Roberta Índio do Brasil, outra musa das transmissões de bailes de carnaval e dos desfiles da Sapucaí no tempo em que Castor mandava, vive de pequenas pontas em novelas da TV Globo, e de cachê em cachê vai levando a vida. Melhor sorte teve Lúcia Veríssimo, uma das únicas "ex-porno-atrizes" a ter emplacado uma carreira na dramaturgia "séria" dos autores intelectuais. Benedito Ruy Barbosa a adora. Monique é a prova do desespero em um país em que 90 candidatos disputam uma vaga de dois mil reais em um concurso público a ser realizado nos próximos dias. É a comprovação de que dinheiro, fama e beleza são comidos, tal qual o deus Chronos come o tempo desde os tempos da antiga Grécia. O tempo de Monique foi comido. A ela, e aos outros remanescentes desta "Terra Paralela" das antigas identidades culturais, só resta o apego à imagem "cult" e o aparecimento em formas de mídia que exploram este tipo de identidade. Afinal, se seu tempo foi comido, sua vida ainda não.