sexta-feira, 7 de março de 2008

Pegou Fogo na Taba



Me acostumei com aquele esquadrão do Guarani dos anos noventa, que deu o que falar no Campeonato Paulista e no Brasileiro. Um time que contava com Djalminha, Amoroso, Aílton, Luizão e com a exótica presença do goleiro-gigante Hiran, de quase dois metros. É muito triste para todo mundo que gosta de futebol e que curtia o Brasileirão dos anos noventa e os times que nele figuraram e que nunca mais conseguiram voltar - Bahia, Guarani, União São João, Desportiva, Ceará, Remo, Bragantino, Botafogo de Ribeirão Preto e muitos outros que estão há anos nas divisões de acesso - ver o Guarani muito próximo de um novo rebaixamento para a obscura Série A2 do Campeonato Paulista, onde o público de um jogo raramente ultrapassa o de duas mil pessoas. Preocupa também a degradação patrimonial do Bugre, em vias de vender o estádio Brinco de Ouro em uma desesperada tentativa de sanear as finanças do clube. O time desse ano é inferior ao que retornou para a A1 e foi eliminado na segunda fase da Série C do Brasileiro do ano passado. Diversos jogadores presos a empresários e investidores, mas de técnica razoável, deixaram o Guarani rumo a clubes de pouca ou nenhuma expressão. O volante Macaé, capitão durante a temporada passada - por exemplo - está atuando no futebol sul-matogrossense. Assim como o já citado caso do América, os problemas do Guarani aumentaram com a escolha equivocada do comando técnico. Wilson Coimbra, o homem forte do futebol bugrino na temporada passada, deixou o clube no início do ano rumo ao Atlético Sorocaba. Com ele, foram para o mesmo time jogadores importantes como o bom goleiro Buzetto - ídolo bugrino - e o experiente volante Umberto, que era um dos remanescentes do rebaixamento para a Série C em 2006 e que fez boas temporadas pelo Paulista de Jundiaí, formando dupla com Amaral, hoje no Vasco da Gama. Recentemente, o famigerado vice de futebol, José Carlos Hernandes, também deixou o Guarani. Em meio a um processo eleitoral e a um suposto envolvimento do ex-treinador José Luiz Carbone com a chapa de oposição ao atual presidente, o experiente técnico acabou trocando o Brinco de Ouro pelo Moisés Lucarelli, e é o atual coordenador do futebol da rival Ponte Preta. Em campo, as escolhas não foram nada boas. O zagueiro Danilo Silva, que fez um razoável final de Brasileiro pelo São Paulo foi repatriado, e o reforço de maior expressão foi o atacante Fábio Pinto, que surgiu muito bem no Internacional e nas seleções de base, mas que não consegue jogar por menos do que dois times por temporada. Ademais, a fanática torcida do Bugre - provavelmente revoltada com as más administrações - vem comparecendo em baixo número ao Brinco de Ouro, muito abaixo dos jogos da Série A2, onde chegou a levar cerca de quinze mil pessoas, ou mesmo da Série B de 2005, onde o Guarani quase conseguiu o acesso e o Brinco de Ouro lotou várias vezes. Falta ao time, especialmente, uma boa dupla de meio campo. Marcinho, ex-Ituano e Paulo Santos, com passagem por diversos clubes do interior paulista, definitivamente não vêm dando conta do recado. Jogadores das categorias de base, como os atacantes Thales e Éder - este último negociado com o Flamengo a preço de banana - deixam o clube a toda hora, e quase sempre sem qualquer retorno financeiro. A má campanha do Guarani no Paulista e a eliminação precoce na Copa do Brasil - pela Chapecoense, de Santa Catarina - são as provas do péssimo planejamento em relação ao time. Resta torcer para que a tradicional camisa bugrina traga disposição aos jogadores para que ao menos tentem apagar parte do vexame evitando o rebaixamento, e a próxima partida, o "Derby Campineiro", contra a Ponte Preta, é uma boa oportunidade para ganhar novo ânimo no campeonato e superar as limitações técnicas.

3 comentários:

Blog do Mario disse...

É uma pena ver o Bugre , campeão brasileiro de 78 e vice em 86 ( dá-le São Paulo , campeão de 86 na raça , rsrsrsrs ) chegar a esse nível . Um clube de tradição no futebol paulista e brasileiro também.Ter que vender o Brinco de Ouro da Princesa seria destruir uma parte da História do clube.Lá foram disputadas duas finais de Campeonatos Brasileiros , além de outras finais do Campeonato Paulista.No Guarani foram revelados craques como Careca e Neto.Ter que vender um Estádio com a capacidade ( cerca de 30 mil lugares ) , é chegar ao fundo do poço.Uma pena , mas também há de se ressaltar as péssimas administrações de vários dirigentes do clube , o que foi fatal para que o Bugre chegasse nesta situação.Não sei porquê meu primo ainda trabalha lá...rsrsrs.

Renato Corrêa disse...

Tenho saudades desses times ex-pequenos emergentes, pareciam fracos mas sempre davam trabalho aos grandes. Me recordo dos ex-jogadores deles que hoje em dia estão ou já estiveram fazendo sucesso no cenário internacional.
São times antigos mas de pouca tradição, e o fato é que cada vez mais surgem times novos, com mais organização e investimento certo, que chegam a elite do futebol. Esses sim devem servir de exemplo aos mais antigos e até aos grandes.

Parabéns Lucas pelo seu grande sucesso e pela qualidade de escrita e crítica que você vem desenvolvendo ao longo desses anos.
Em breve, com certeza, vou me orgulhar, mas já me orgulhando a cada dia, de ser amigo de um cara talentoso que tem uma carreira brilhante pela frente!!!!
Continue assim!!!!

Unknown disse...

Parabéns, Lucas. Eu, na situação de bugrino, tenho só que lamentar esse fundo de poço a que chegamos. Mas fico contente por termos ainda a atenção de fanáticos de futebol de outros estados.

Isso é um pouco reconfortante. Obrigado, em nome da nação bugrina, pela consideração.

Grande abraço !