terça-feira, 4 de março de 2008

Monique Lafond, Gimenez e o Desemprego

Monique Lafond (esq) e Lúcia Veríssimo, em mais uma cena tórrida do cinema nacional. Foto: Divulgação

Neuza Borges, Mário Cardoso, Gretchen, Nahim e Roberta Close; Narjara Turetta, Cida Marques, Gel e Mara Maravilha; Ovelha e Cid Guerreiro. A seleção de ilustres personalidades dos oitenta, há muito abandonadas pela grande mídia, foi reforçada nesta semana pela deprimente aparição da atriz Monique Lafond, que se notabilizou por sua atuação em pornochanchadas e nos filmes dos Trapalhões. Monique e seus pouco mais de cinqüenta anos marcaram presença no Superpop, da inefável Luciana Gimenez. Além das curiosidades reveladas após as indiscretas perguntas de um júri de convidados, Monique aproveitou a deixa para pedir um emprego. Declarou estar fora da televisão desde que atuou como convidada especial do inexplicável programa "A Turma do Didi", onde recebeu como "homenagem" - segundo as palavras da própria - um cachê de 2 mil reais. Sem saber fazer mais nada da vida e com muito pouco do que foi acumulado ao longo de 30 anos de carreira, Monique engrossa a lista de atores, cantores e ex-jogadores de futebol que têm recorrido aos programas populares, como o já citado Superpop e o "A Tarde é Sua", de Sônia Abrão, em busca de novas oportunidades na televisão, palcos e gramados. De sua geração, que por anos abrilhantou as madrugadas da TV Manchete com as hilariantes produções da indústria pornô nacional, Monique Lafond é a única a chegar às raias do desespero. Matilde Mastrangi, sua grande "rival", vive há muitos anos com o ator Oscar Magrini, e parece mesmo ter deixado as câmeras de lado para se dedicar à uma pacata vida como "do lar", nos bastidores do marido famoso - e tão bom ator quanto ela. Roberta Índio do Brasil, outra musa das transmissões de bailes de carnaval e dos desfiles da Sapucaí no tempo em que Castor mandava, vive de pequenas pontas em novelas da TV Globo, e de cachê em cachê vai levando a vida. Melhor sorte teve Lúcia Veríssimo, uma das únicas "ex-porno-atrizes" a ter emplacado uma carreira na dramaturgia "séria" dos autores intelectuais. Benedito Ruy Barbosa a adora. Monique é a prova do desespero em um país em que 90 candidatos disputam uma vaga de dois mil reais em um concurso público a ser realizado nos próximos dias. É a comprovação de que dinheiro, fama e beleza são comidos, tal qual o deus Chronos come o tempo desde os tempos da antiga Grécia. O tempo de Monique foi comido. A ela, e aos outros remanescentes desta "Terra Paralela" das antigas identidades culturais, só resta o apego à imagem "cult" e o aparecimento em formas de mídia que exploram este tipo de identidade. Afinal, se seu tempo foi comido, sua vida ainda não.

3 comentários:

Blog do Mario disse...

Acho que é um processo natural que acontece com algumas atrizes : ficam sem trabalho , sem mídia e apelam para as Sonias Abrãos da vida.A questão é que o sucesso não é vitalício e o(a) artista tem que ter isso em mente desde cedo e se preparar , inclusive financeiramente.
Outro exemplo :Ana Paula Tabalipa , embora não seja ex-vedete ou algo do tipo , fez a primeira temporada de Malhação e "sumiu" .Fora algum trabalho ou outro , ela ficou esquecida.Talvez o ensaio para a VIP deste mês a ajude um pouco.
mto bom o texto .

Unknown disse...

Nesse mundo da comunicação, no qual a representação vigora em relação ao mundo real, é exatamente isso que acontece, meus caros. O que a mídia deseja é aquilo que possa ser visível e para isso o visto deve ser apresentável e atraente aos olhos do público. Com isso, ela não qualifica a carreira de pessoas como Monique Lafond, e outros de tantas épocas. Para a comunicação, muitas vezes, infelizmente, não se releva todo o caminho percorrido por talentos do passado. Isso mesmo, do passado. Está aberto o açougue de carnes novas e vendáveis, isso é o mais importante. O conteúdo e o estudo para a evolução profissional? Joga-se no lixo!!!

Mig disse...

Monique Lafond poderia, sim, ser plenamente aproveitada em novelas, que repetem o elenco infinitamente, até cansar...
Está belíssima, aos cinquenta e daria uma mãe enxutérrima, pois atriz ela nunca deixará de ser...
Faz um trabalho muito bom em teatro, que nunca abandonou, apesar da falta total de apoio para ela e para tantas outras boas atrizes, como Maria Pompeu, que quando é chamada para uma ponta na Rede Globo, é no papel de empregada, não que isto seja humilhante, mas Pompeu merecia destaque dentro de personagem com o perfil dela.
A repetição de elenco dos chamados núcleos,é cansativa e expõe o ator que se torna repetitivo, sem tesão no que faz, pelo menos é o que dá a impressão.
O fabuloso José Wilker e a estrelíssima Suzana Vieira que o digam...
Gente, cansa, né?
Não acho vergonha pedir trabalho estando inteiraça como a Monique.
Ela me pareceu equilibrada e com amor próprio bem assegurado!
Está viva!
Muitas das pornoatrizes são hoje estrelas globais...
Dêem uma chance a quem sabe o que faz.
Márcia