O passar de novo ao doze me causou surpresa:
Como pode o tempo nos driblar com tal destreza?
Como pode o assento nos tomar com tamanha agilidade?
E eu respondo que esperar o tempo é pura imbecilidade
O tempo está aí, desde que o mundo é mundo
A espera de um passatempo propício e fecundo
A espera de um perder tempo por qualquer lugar
A espera de uma boa intenção para tirar o lugar
Esse é o tempo, o maior fura-fila que há
Que só quer do cinema o melhor lugar
Que só quer da arquibancada o melhor lugar
Que só quer no ônibus o melhor lugar...
Sempre que queremos o melhor, vem o tempo e nos leva
Enfrenta a nossa ineficiência e enseja
Um jeito de fazer o fim da fila perdurar
Pode o tempo por minuto perdoar?
Vejo que o tempo só é bom para a criança
Quando passa um dia em cinco, um mês em ano
Dá tamanho de gigante a um pequeno desengano
Dá espaço de elefante a qualquer trapo, qualquer pano
Vêm os doze, treze anos...
E o tempo então começa a nos enfrentar
De espada na mão, de escudo na outra
Há qualquer jeito de nosso maior inimigo enfrentar?
Somos todos Dom Quixotes de nossa própria finitude
Na eterna espera de um algo a mais depois do fim
Como as raspas do pote de sorvete, como as lascas da barra de chocolate
Somos sempre espera pelo o que o tempo não levou
E pode vir mais tempo que eu agüento
E se vierem mais cem anos, eu enfrento
Enfrento o fim, enfrento o sim, enfrento o certo
Pois o tempo é soturno e ágil, discreto e esperto
Não há bote que nos bote no eterno
Só há perto que nos traga do concreto
Só há jeito de nos vermos mais além
E pode o tempo perdoar também?
O tempo perdoa aos que o ignoram
Aos que vivem cem anos como um bloco só
Aos que desafiam todo o tempo todo nó:
Fazem o tempo mais a frente virar pó
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
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