terça-feira, 23 de junho de 2009

Vinte e Dois, Número de Doido

Desde cedo, fiz esforço pra me ver aos quarenta, aos sessenta e aos oitenta. Depois dos quinze, passei a me imaginar aos vinte. Sempre números redondos, sempre dezenas. Hoje, me imaginei aos vinte e dois. Poucas horas antes deles, refleti sobre as provações às quais o vinte e um me submeteu. Provações de duas perdas importantes, de algumas derrotas acachapantes e... de dezenas de palavras de carinho daqueles que acreditam em mim e admiram o meu trabalho e meu jeito de ser. Foi a honra de saber quem é o Lucas para os que o cercam que marcou meus vinte e um. Muito obrigado a todos que constroem esta grande farsa de mim mesmo chamada Lucas Alvares.

domingo, 21 de junho de 2009

Classificados

O mal quer dominar o mundo. Moças virgens são assassinadas como amuletos ao diabo. Uma virgem procura o amor. Um assassino é protegido por Deus. A vida fica complicada para quem rejeita o bem. O inferno vive momentos decisivos por um novo chefe. O céu contra-ataca o nascimento do segundo diabo. Lúcifer não aceita perder para um oponente gêmeo.

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sexta-feira, 19 de junho de 2009

Previsão Para o Término das Obras

Hei de lembrar para todo o sempre da ampulheta de areia verde de meu avô. Dos grãozinhos verdinhos, areia sem cor de areia, areia sem som de areia. O bater da areia em minhas canelas causa minúsculas feridas que, antes de serem abertas, incomodam e causam arrepio. São as batidas do tempo que passa na porta da vida que é escassa, o grito solene da finitude com seu cetro arrebatador. Proteja os olhos de tulipa com as mãos, preste continência ao vôo das areias. O tempo vôa! Espera ele trazer mais duas ou três respostas, só as verdades que bastam. É ele quem vai dizer se o certo ou errado gastam mais ou menos capilés na carteira de interesses que convive com nossas artérias femurais. Carótidas certezas! Pulsa o sangue nas artérias, sob imensa pressão. Pulsa o sangue nas batidas, ouve o peito, coração! E vê o tempo passar pelos grãos verdes da redoma de vidro. O tempo dos vaivéns sanguíneos que se repetem bilhões de vezes sem cessar. Até que um dia param. E toda a areia cai. É aí que o cetro impera a mais divina das certezas: a que o término das obras só se dá sem que o cronograma esteja terminado. Peço ao chefe um prazo maior.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Anchova

Abrakadabra, solidão. O só é vassalo de seu prazer masoquista. É só o segredo das noites mágicas de olhar perdido em uma janela molhada. Ela está úmida, posso ver minha palma da mão e meus cinco dedos. Bate o vento, e logo a palma some. E cinco pontos depois. É a finitude de todos os gestos e de todos os gostos, por mais imperiosas que sejam as vontades de fazer dos pequenos momentos uma eternidade. Alakazam, tristeza. Por entre a fresta de outra janela, o frescor das noites de inverno. Sinto-me um pouco morto a cada noite. Cada tremor é uma pequena dose de cicuta, como se estivesse me tornando uma pedrinha de gelo aos poucos. Gelo em um copo de Absinto. O frescor desce seco pela garganta e faz arder o intestino. Esta noite, só o líqüido azul é meu companheiro. Shazam, saudade!

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Você nunca parou a Duvivier às cinco?

Uma das sensações que, até há pouco, afirmaria com certeza nunca ter sentido é torcer por personagem de filme. E, menos ainda, para que mocinho-e-mocinha saiam de mãos dadas pela estrada depois de 120 minutos. Quebrado mais um tabu. "Apenas o Fim..." traz um roteiro envolvente, que prende a atenção do espectador e o faz torcer pelo beijo final de Érika Mader e do carismático Gregório Duvivier, o dono da bola. E é romântico sem ser piegas, pois aborda o romance entre jovens mesclando, em uma curiosa troca de sabores, o realismo e o romantismo. Afora o roteiro e as atuações corretas, não há muito o que falar. Os enquadramentos e recursos técnicos são simples, típicos de uma produção universitária como o filme é. Enfim, vale a pena conferir na estréia nacional, amanhã nos cinemas. O jovem cineasta Matheus Souza, mais novo que eu, mostra muita sensibilidade e um grande futuro. Assistam, eu gostei e torci.

domingo, 7 de junho de 2009

Sem Sal, Sem Sal...

Traz na voz um som profundo
O ébrio brado, insípido colosso
O trôpego fervor do amanhecer
É impávida ameaça ao entardecer

Espia atrás da porta, olha à sua volta
Espreita as vozes e vistas
Percorra as trilhas e pistas
Se esforce pra encontrar um bom caminho

Seja dois-um ou um-sozinho
Dê à vida um bom sorriso
Traga a ela um aviso:
Nada me impediu de acreditar

Pois dos ébrios brados tristes
Tão sozinhos, tão aflitos
De certezas, há infinito
De pontos finais, há uns poréns

Viva em espera às reticências
Tenha com o fim paciência
Veja nele um porvir
Pois nada há que termine

E, finalmente, não desanime;
Siga bem firme este caminho:
Aperte as mãos que te enlaçam
E baile com elas no eterno