sexta-feira, 19 de junho de 2009
Previsão Para o Término das Obras
Hei de lembrar para todo o sempre da ampulheta de areia verde de meu avô. Dos grãozinhos verdinhos, areia sem cor de areia, areia sem som de areia. O bater da areia em minhas canelas causa minúsculas feridas que, antes de serem abertas, incomodam e causam arrepio. São as batidas do tempo que passa na porta da vida que é escassa, o grito solene da finitude com seu cetro arrebatador. Proteja os olhos de tulipa com as mãos, preste continência ao vôo das areias. O tempo vôa! Espera ele trazer mais duas ou três respostas, só as verdades que bastam. É ele quem vai dizer se o certo ou errado gastam mais ou menos capilés na carteira de interesses que convive com nossas artérias femurais. Carótidas certezas! Pulsa o sangue nas artérias, sob imensa pressão. Pulsa o sangue nas batidas, ouve o peito, coração! E vê o tempo passar pelos grãos verdes da redoma de vidro. O tempo dos vaivéns sanguíneos que se repetem bilhões de vezes sem cessar. Até que um dia param. E toda a areia cai. É aí que o cetro impera a mais divina das certezas: a que o término das obras só se dá sem que o cronograma esteja terminado. Peço ao chefe um prazo maior.
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Um comentário:
A vida é um sopro, assim como o tempo.
Belo texto.
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