domingo, 16 de agosto de 2009

Na Madrugada

Pérfidos corvos da meia-noite. Atrozes vozes que perdoam o ressoar dos silenciados. Ouçam a voz dos perdidos: madrugueiros madrigais, sólidos como um jequitibá, esperam o barulho que faz o vendaval que bate nas paredes dos prédios. Aqui ao lado, a quadra de saibro encheu de poças d'água. Adoro o cheiro da madrugada. Cheiro de molhado com frio de molhado. Umidade pura. É na madrugada que absorvo as mensagens que minha mente traz e as faço ultrapassar meu metro e setenta através de um teclado preto. Depois da meia-noite, torno-me íntimo do poeta que me guia. É a voz do além, misteriosa conexão com o metafísico e que faz de mim um escritor. É só a voz. A voz da madrugada.

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