segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Acredite se Quiser

Caiu do cavalo, doce cereja do bolo. Espartano, acordava todo dia com os galos. Estufava o peito, batia com o punho cerrado do lado esquerdo e comemorava um gol: é minha, é minha, é minha. Ia ao tanque do carro, pegava uma caneca e bebia um gole de gasolina. Espirrava furacão. Quando todos acordavam, já ditava ordens ao quartel. E era juiz, bedel, vigário e carrasco. Só lhe adoçava a boca quem lhe atiçava o corpo. E beijava, cazaque, os dedos russos da amada. Mordia, sugava, roía as unhas e tirava o esmalte. E chorava, com o lóbulo da mulher entre os dentes, a sorte dos bem-aventurados. Tinha tudo o sargentão. Agora, traído, é fina flor da peleja perdida e vaga trôpego pelo meio-fio da Conde de Bonfim. Cabeça baixa, olhos marejados. Queixo caído. Matuzalém mandava no seu cercado. Cem anos além, com as portas e janelas cerradas, é pose amarelada em um negativo de vidro. Deus o tenha em bom lugar.

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