sábado, 15 de outubro de 2011
Lucas Alvares na Cova dos Leões
Escava, escrava, a dor profana de tua clava forte. Impávida, ergue os braços e conclama: cai, incompatível! rasteja por teu sonho, vá de retro, desempana! Empanzina de furor, oh meu amor, teus dedos melados de merengue e dá cá, morangos, tua taça de champanhe. Pera lá! E vê, voz aflita, o quanto descartar foi descartável. Encalacra tuas escolhas na engrenagem da soberba e até lacra, se quiser, o pote de ouro atrás do arco-íris. Eu não acredito em duendes. Mas tua voz, perene, ecoa a gaguejar pela mente do poeta e ressoa nas paredes das grutas e cavernas: não dá, não dá, não dá. Ao desistir da felicidade, o ente somente descarta seus melhores dias no afã de um pouco a mais. E como haverá de ser? Pois quem amou de verdade, colosso de suas vontades, bateu no topo do termômetro. E eu creio, esquartejado, nas verdades insondáveis. Me entreguei em nome do que havia de mais sábio, profano e humano. E alberguei tua alma na minha por quatro longos anos. Agora adormecida, tua voz adocicada é recado no bolso do meu paletó, nome gravado no celular e fotografia arquivada no porta-treco... "Lembrança de Miguel Pereira". Perdeu-se, divina. Em ode ao que sempre fui, digo a todos que vão saber: me arrastarei de amores aos pés de quem se importar e não descartar. Pois amar, ao fim das contas, é bater o pé. Descanse em paz.
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2 comentários:
Você fez a sua parte, tenha orgulho disso e descanse de cabeça erguida. Do restante, o tempo tomará conta.
Abraços,
Mário
Você como sempre agiu correto. Não se culpe de nada jamais, não fique com a cabeça ocupada por coisas ou pessoas sem merecimento. Você é grande demais em tudo ! Beijos Isa.
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