quinta-feira, 9 de abril de 2009

E Por Falar Em Amor: Onde Anda Você, Lucas Alvares?

Nunca vou me esquecer de um professor dos tempos de colégio que me trouxe uma enorme lição de vida: nunca se lê o mesmo livro da mesma forma. Quando lemos a mesma obra em diferentes períodos de nossa existência, descobrimos novos enredos e significados. Através deste exercício de interminável interpretação, observamos o quanto somos analfabetos de leitura. E não falo da leitura pura e simples, do beabá das letras da escola. Falo de ler os significados, compreendê-los e degustar cada resquício de bom passado que nos restar nos cantos dos pratos. Foi assim, relendo o que já li, que formei minha personalidade e a minha forma de enxergar o mundo em que nasci. 'Mas afinal de contas, não há nada tão presente nos seres vivos do que o tal do amor, que sempre transcende as barreiras do normal e do realismo...', como eu escrevi aos quinze anos. Hoje, aos vinte e um, decidi reler tudo o que eu mesmo coloquei aqui na web nos últimos sete. Redescobri uma infinidade de percepções dos quatorze, dos quinze, dos dezesseis, de sete Lucas, quinhentos sonhos, setecentas decepções e mil e oitocentos recomeços. Na realidade, me deparei com o que nunca fui, mas sempre quis ser: um escritor bem-sucedido que, aprisionado no endereço de um blog, encontra leitores carinhosos e participativos como os que tenho. A grande verdade é que nestes anos todos nada mais fiz do que refletir e amadurecer. Foi assim, seguindo em linha reta na estrada do sensível, que encontrei o pouco que penso que sou. Ali, naquelas milhares de linhas, imprimi meu principal anseio. Jamais deixar de amar. E amei muitas, e mais outras, amei meus avós, amei todos os que vieram por aqui e já passaram. Nas muitas noites de copos d'água, Sinatras e fotos bonitas, revelei pensamentos inspiradores aos que me liam com atenção. É esta, meus amigos, minha maior herança. Por um segundo, decidi me despedir dos velhos Lucas. Estes meus companheiros de jornada estão aqui, aposentados em meu guarda-roupa, prontos para serem histórias para contar. Um dia os desengavetarei. Por enqüanto, nos vinte e um, afirmo que sei bem o que amo. Amo todas as coisas que me cercam, ainda que me tragam preocupações e desgostos. Minha vida é uma úlcera na minha alma. Haverei de cultivá-la, com todos os seus sofreres. E, tal qual o personagem da mitologia grega, sempre haverá a noite para cicatrizar minhas feridas. É nela que faço o balanço de tudo o que já fiz, e constato que certamente já tenho bons recortes pra guardar.

2 comentários:

Leandro SC - Estácio 2008 disse...

FALA CRÍTICO, EXCELENTE O TEXTO, 10, NOTA 10!!!

FELIZ PÁSCOA!!!

fernando disse...

Pra quem te lê desde os doze, treze anos, como eu, é uma honra acompanhar o seu crescimento como pessoa, que se reflete em cada linha. Consigo ver o Lucas de 13, no Lucas de 21. A alma está mesmo ali. Se a essência permanece, o que resta é o aperfeiçoamento de um dom latente.