terça-feira, 22 de novembro de 2011

Never More, Lenore


Desceu, perplexo, os degraus de outrora
Olhou, atento, o perpassar da hora
Vibrou, em tempo, a voz que ouviu lá fora
Achou, jumento, o som frio do ir embora

E viu, moribundo, que a morte já morreu
Pois fez, rotundo, um canto aqui no meu
Mostrou, no fundo, a voz que já chegou
Cresceu, imenso, o carrossel do afã

E fez, em vão, a prece de quem crê
Sonhou, então, com os olhos de quem vê
E ouviu, lá atrás, chamar quem sempre esperou
E abriu, lilás, a porta entrar o amor

Pois faz, e bem, quem ama sem pedir além
E diz, assim, que a flor nasceu em meu jardim
Mas traz, por trás, o canto de um trovador
Que mais que um ás, é jura de ser sonhador

Pois quem faz bem é vida pro amor também
Mas fiz, porém, as dores que vivi tão bem
Em voz, assaz, te digo como portador:
Me faz nascer, e sempre além acreditar

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