quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Caldeirinha

Epifania de vozes cabe dentro em meu peito meio perdido
E te embala, três noites a fio, pra voltar ao passado
A ferro, te trago marcada em azeite
Na testa menina, um batismo de fogo

Em festa, fiz palpitar o além ao te encontrar
E quebrei elos eternos, infernos e urras
Na noite empoeirada das esquinas encardidas, te fiz meu lugar
E lacrei minha alma de destemor

Em cada noite perdida, querida, fui ato consumado
De quem erra ao teu lado, sem ele deixar
De quem corre depressa pra não tropeçar
De quem foge da raia sem nunca querer

E fiz versos ao luar, letras que nunca mostrei
Saudades e histórias que pus a contar
Percalços tão falsos, tão torpes, tão vis
E contos inquebrantáveis de amor imortal

Vago por aí com teu nome aqui dentro
Beleza plena de um errante sonhador
Que erra, que cala, que morre de dor
Que espalha, que falha, que traz teu calor

E verso, saudoso, perdido, amargoso
Teus dotes, tão fortes, tua luz, meu olhar
Que gritam comigo, que são meu abrigo
Que trazem descanso pra me alimentar

Quero poder dormir de novo
E deitar meu pranto em pratos limpos
Quero abraçar sua gente, afagar sua mente
Visitar teus braços, teu colo e tua força

E peço, despeço, a cálida sorte de quem acompanha
Que esfarela as dores e desfaz os quebrantos
Que encanta meus traços e caminha em meus passos
Que age, que berra, que grita de horror
Que clama e que instala o tranquilo amor

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