Os sulcos na pele antiga traduzem tantas perdas...
E explodem, convulsos, a desembaralhar dores recentes
O velho, sorridente, expunha humildade e ardor
De quem sente o peito arder de angústia e amor
De mãos ao volante, se pôs ao rosário
E enumerou quem se foi e quem ainda ficou
Na carona, meio século atrás, a sorte de quem não tem
De quem não se prendeu e ainda não fez
Pois sorte, ambígua como humor, tem cara e coroa
E faz ouvir os dramas de quem vive e morre um pouco a cada dia
Não se recusa cavalo encilhado. Não se nega um beijo ardente.
Nas flores que brotam no âmago, sobrevive uma estrela cadente.
Todos caminhamos, feito horda, ao mesmo destino
E embalamos, na pele que esfria, tudo o que fomos e tivemos
Quero ter o amanhã bem hoje, pois temo seu poente
Para poder desfolhar meu buquê de perdas e ganhos...
E quero uma coleção bem composta, um amor sem tamanho
Que reúna em minhas mãos tudo o que mais quero:
Três caras de criança, um rosto redondo e outro afilado
Ter o que perder, o que viver, a quem sonhar ao meu lado
segunda-feira, 10 de agosto de 2015
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