sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Guilhotina

A caixa de pandora dos amores profundos apavora
E esgota, exaure a alma que espera a dose
Sua pitada de eternidade é a pétala de rosa
Que murcha, desbota e morre

Suas preces, mãos postas, são encostas de um grande morro
De um outeiro de barro de inquietudes e devastações
Todas as dores do mundo dele desaguam, irriquietas
E deslizam, serenas, pelas vozes do outrora

Quantas mãos senti me alisarem a alma!
Quantos nomes balbuciei, quantas vidas vivenciei
Quantos caldos entornei pra te encontrar agora?
E no morrote, minúsculo, das dores sofridas, te agigantei

E fiz bailarina, poeta e artesã
De mãos hábeis e voz serena, tão plena
Que ergueu meus sonhos do cadafalso:
Quando esperava o céu, encontrei a forca

E agora, agouro a agonia e te espero em romaria
Em uma procissão de uma nota só, descalço
De pés trovejados e mãos ensolaradas
De frases opostas ao que tenho sentido
Quero abrigo.

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