sábado, 4 de julho de 2009

Lucas Alvares Pelo Buraco da Fechadura

Espia pelas frestas das portas. As de baixo. As dos lados. Expia atrás das portas seus pecados, esfria a tentação de conhecer. Quer saber? Avisa com um grito: "Meu peito aflito só quer ver!". Quer me ver, vou ver você. Afinal, posso espiar? Quero ser mosca na sopa, mosquito na cama, mariposa na parede, abelha na lata. Se é pra assim saber, batata! Se estou aonde não posso ver, nada há o que não ter. Quero ver bem mais além. Veja bem, ouve meu pranto. Quebra o prato e o copo, desencanto. No frigir dos ovos, és o quebrar das louças. És motivo para cruzar o Rebouças, ir pra longe de minha porta. Mas isto não comporta, escute bem. Nada além do que foi feito é um porém. O porém é o que já fiz, em dois anos tão feliz te encontrei. Abre a porta, e me diz: "Posso eu ser mais feliz?". Quero ter resposta decorada para afiançar a esperança. Nesta noite, de cabeça quente e molhada, só espero um novo estrado. Quero uma nova cama, uma nova grama, uma nova porta. Ter contigo um outro lar. Por aqui, as portas se fecharam. Estou trancado em quatro metros, esquecido no caixote, tão perdido em solidão. Eu quero uma porta nova. Com tapete na porta, guirlanda na porta e chaveiro do Vasco. Esfria a minha dor, espia! Expia a minha dor!

2 comentários:

Isabela Farias disse...

Uma pitada de existencialismo sempre nos persegue e nos derruba em momentos de nossas vidas.

Blog do Mario disse...

parece que foi ontem que começou, incrível...