terça-feira, 28 de julho de 2009

Seguro Contra a Solidão

Pontos e sinais marrons na pele morena. Cabelo preto molhado, chocolate seco, castanho quando bate o sol. Pequenas mãos, pequenos dedos. Marcas de queimaduras de forno e fogão. Uma abaixo do umbigo, muito engraçada. Queimou fritando hamburguer. A voz engrossou, acavernou com a fumaça da nicotina e do alcatrão. Os pés são de menino, com as unhas quadradas e as bordas dos dedinhos formando uma pequena serra, como os de minha avó. O queixo é engraçado, pois o mesmo desde criança. O pescoço é comprido, simpático. Ela sempre me olha com a cabeça levantada. Ela sempre aperta a minha mão quando sente frio ou medo. Gosto dos quadris e do busto. Prefiro as costas. Seus ombros largos, de nadadora, me fazem repetir com orgulho: "Minha mulher nadou por muitos anos!". Só medalhas de bronze. Pensando bem, só sua irmã as ganhou. Os dentes alinhados pelo uso de aparelho ortodôntico por muitos anos resistiram aos sete de Free mentolado. As histórias são sempre as mesmas. Com outros foi feliz, de outros foi terror. Quase casou. É, quase. Quase dois anos depois, não vou dormir enquanto ela não for. Não atravesso a rua enquanto ela não atravessar. Ando sempre pelo lado da pista, e a cubro com meus casacos de menino. Era esperado. Quase dois anos depois, recebi o primeiro prêmio de minha apólice. "Seguro Contra a Solidão", diz o contrato. Fiz a assinatura em 01/09/2007, quando me via aos quarenta assistindo ao futebol em uma quitinete. Já não me vejo mais. Aos quarenta, seremos três, quatro ou cinco. Quem sabe, uns dez ou doze. E, mais do que isso, seremos dois. E um só.

4 comentários:

Blog do Mario disse...

sem palavras

Leandro SC - Estácio 2008 disse...

Cara, você ojeriza os fumantes, tem horror a quem fuma, você até falou para a Ana Maria Braga sobre os hábitos de saúde que temos que controlar, mas uma coisa é certa:

Você odeia os fumantes, tem traumas por causa do cigarro e eu também não sou chegado a cigarro, quero ver você no Bom Dia Brasil e os preferidos de Bonemer e Bernardes no JN.

Unknown disse...

Há uma correção no texto que deve ser feita:
Título - "A Eternidade"
Metáforas - Um caso de amor entre um boçal genial para os admiradores e o amor da vida dela.
Ela - Eu
Ele - Ele, o autor
Eterno - nosso amor.

te amo.

Unknown disse...

Adorei
=D